Nós separamos a melhor seleção de álbuns de artistas mulheres para você aproveitar nesta semana.
Projeto permite explorar expressão gráfica e artística dos últimos 50 anos; arte em capas de álbum perdeu relevância na era do streaming
While with one hand he’s exploring vivid lyrical micro-vignettes, he’s still obfuscating with the other.
Em qualquer enciclopédia da música popular brasileira, a paulistana Rita Lee Jones (1947) tem lugar garantido em vários verbetes, atravessando diferentes períodos da história. Esteve nos Mutantes, que, em 1968, foi fundamental na equação da Tropicália, participando dos festivais da canção da época e do álbum coletivo homônimo, ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Nara Leão e do maestro Rogério Duprat. Ainda no fim dos anos 1960, junto ao trio que formou com os irmãos Arnaldo e Sérgio (Dias Baptista), fez os discos fundadores de um rock realmente brasileiro, que, décadas depois, encantou artistas anglo-americanos como David “Talking Heads” Byrne, Kurt “Nirvana” Cobain, Beck Hansen e Devendra Banhart. Em meados dos anos 1970, ejetada dos Mutantes, ela passou a liderar o grupo Tutti Frutti e virou a principal cantora e compositora de rock no Brasil. No fim dessa mesma década, compondo em dupla com o marido, o guitarrista e tecladista Roberto de Carvalho (1952), Rita Lee se reinventou outra vez, produzindo uma original mescla de rock, pop, bolero, marchinha, disco music e bossa nova. Um estrondoso sucesso nacional, uma de nossas primeiras popstars, abusada e divertida, vivendo um casamento musical perfeito e de grande fertilidade. “Mania de você”, lançada no álbum Rita Lee, em 1979, é um ponto alto da perfeita simbiose da dupla. Como revelou em entrevista ao produtor Almir Chediak publicada em seu Songbook, Rita escreveu a canção em poucos minutos: “A gente tinha acabado de transar, ele pegou o violão, eu peguei um caderninho e começamos: ‘Meu bem, você me dá água na boca…’. A gente estava em estado de graça.” O país inteiro cantou e rolou junto com o casal. O disco produzido por Guto Graça Mello, com a contribuição fundamental do tecladista e arranjador Lincoln Olivetti, ainda lançou sucessos como “Chega mais”, “Doce vampiro”, “Papai me empresta o carro” e “Corre-corre”. Muito mais do que “a mais completa tradução” de São Paulo, como disse Caetano, logo Rita conquistou o país de cabo a rabo com hits como “Lança perfume”, “Caso sério”, “Banho de espuma”, “Desculpe o auê” e “Nem luxo nem lixo”. A sua música brasileira e cosmopolita, alegre e festeira, virou mania nacional. Nelson Motta, in 101 canções que tocaram o Brasil