TESOUROS DE CORNÉLIO À LAPIDE extraídos dos comentários deste célebre autor sobre A SAGRADA ESCRITURA traduzidos do espanhol ao português por UYRAJÁ LUCAS MOTA DINIZ
São José valei-nos e rogai por nós Neste vale de lágrimas valei-nos Coração castíssimo de São José valei-nos Rogai pelos moribundos Na sua hora derradeira Para que alcancemos a vida eterna Em companhia do senhor Deus Que nos espera na eternidade
São José Festa Litúrgica 19 de Março; São José pertencia por nascimento à família real de Davi, mas vivia em humildade discrição como carpin...
São José Festa Litúrgica 19 de Março; São José pertencia por nascimento à família real de Davi, mas vivia em humildade discrição como carpin...
ORAÇÃO A SÃO JOSÉ Ó glorioso São José, digno de ser amado, invocado e venerado com especialidade entre todos os santos, pelo primor de vossas virtudes, eminência de vossa glória e poder de vossa intercessão, perante a Santíssima Trindade, perante Jesus Vosso Filho adotivo, e perante Maria, Vossa Santíssima Esposa, minha Mãe terníssima, Tomo-vos hoje por meu advogado junto de ambos, por meu protetor e pai, proponho firmemente nunca esquecer-me de Vós, honrar-Vos todos os dias que Deus me conceder e, fazer quanto em mim estiver para inspirar vossa devoção aos que estão sob o meu encargo. Dignai-vos vo-lo peço ó pai do meu coração, conceder-me a vossa especial proteção e admitir-me entre os vossos mais fervorosos servos. Em todas as minhas ações assisti-me, junto de Jesus e Maria favorecei-me, e na hora da morte não me falteis, por piedade. Glorioso São José, rogai por nós! Amém. Em 1870, o papa Pio IX proclamou São José como "Patrono da Igreja Universal". A partir de então, seu dia passou a ser festejado no dia 19 de março. Em 1955, o papa Pio XII fixou o dia 1º de maio para a solenidade de "São José Operário, o trabalhador". Acesse também neste blog: Oração a São José Para As Causas Impossíveis
1. Ainda que convencido de que seu oponente está errado, renda-se graciosamente, evite seguir com a discussão, ou deliberadamente mude de assunto, mas não defenda obstinadamente sua opinião até ficar irritado… Há muitos que, expressando opinião como se fossem leis, defendem posições com frases do tipo “Se eu fosse presidente, ou governador, iria…”, — e embora pelo calor do argumento só comprovem que são incapazes de governar o próprio temperamento, seguirão tentando persuadi-lo de que são perfeitamente competentes para liderar a nação. 2. Mantenha, se puder, uma opinião política fixa. Não a exponha em todas as ocasiões e, acima de tudo, não se proponha a forçar os outros a concordar com você. Ouça calmamente as ideias deles e, se não puder concordar, discorde polidamente e consiga que seu oponente, porquanto considere suas opiniões erradas, se veja obrigado a reconhecer que você é um cavalheiro. 3. Nunca interrompa ninguém; é rude apontar uma data ou um nome que a pessoa esteja hesitando em dizer, a não ser que te peçam para fazer isso. Outro erro crasso de etiqueta é antecipar algum ponto da história que a pessoa está contando, ou terminar a frase para roubar o final para si. Algumas pessoas justificam isso dizendo que o orador estava estragando uma boa história, mas isso não justifica. É muito grosseria deixar um homem entender que você não o considera apto a terminar uma anedota que ele começou. 4. É falta de educação se mostrar cansado durante o discurso de outra pessoa, e é muita grosseria olhar para o relógio, ler uma carta, folhear um livro, ou qualquer outra ação que mostre que você está entediado com o orador ou com o assunto. 5. Nunca fale quando outra pessoa está falando, e nunca eleve a voz para cobrir a dos outros. Não fale de maneira ditatorial e faça com que sua conversa seja sempre amável e franca, livre de afetações. 6. Nunca, a não ser que peçam, fale dos seus negócios ou profissão em público. Confinar a conversa apenas à sua própria especialidade é vulgar. Faça o assunto se adequar à companhia. Conversas leves e alegres são, de vez em quando, tão desnecessárias quanto sermões numa festa, então deixe que o assunto seja grave ou feliz de acordo com o tempo e lugar. 7. Numa briga, se você não tem como reconciliar as partes, se abstenha. Você certamente faria um inimigo, talvez dois, ao tomar um lado numa discussão onde ambos os lados já perderam a calma. 8. Nunca chame a atenção apenas para si. É rude entrar numa conversa com um grupo e tentar tirar algum dos participantes dele para um diálogo. 9. Um homem inteligente é geralmente modesto. Ele pode sentir que é intelectualmente superior em sociedade, mas não procura fazer os outros se sentirem inferiores, nem mostrar sua vantagem em relação a eles. Ele discutirá com simplicidade os tópicos propostos pelos outros, e evitará aqueles que os outros não consigam discutir. Tudo que ele diz é marcado pela polidez e deferência aos sentimentos e opiniões dos outros. 10. Escutar com interesse e atenção é uma conquista tão válida quanto falar bem. Ser bom ouvinte é indispensável para ser um bom orador, e é no papel de ouvinte que você você consegue detectar mais facilmente se um homem é educado para a vida social. 11. Nunca escute a conversa de duas pessoas que se afastaram de um grupo. Se elas estão tão próximas que não há como evitar ouvi-las, você pode, apropriadamente, mudar de lugar. 12. Faça que sua parte da conversa seja tão modesta e breve quanto consistente com o assunto em debate, e evite longos discursos e histórias tediosas. Se, no entanto, outra pessoa, particularmente mais velha, conta um caso mais longo, escute respeitosamente até que ela termine, antes de falar novamente. 13. Fale pouco de si. Seus amigos conhecerão suas virtudes sem forçá-lo a nomeá-las, e você pode estar certo de que é igualmente desnecessário expor você mesmo seus defeitos. 14. Se você aceita a lisonja, deve também aceitar quando inferem que você é bobo e convencido. 15. Ao falar de seus amigos, não compare uns aos outros. Fale dos méritos de cada indivíduo, mas não tente aumentar as virtudes de um ao contrastá-las com os vícios de um outro. 16. Evite, numa conversa, todo assunto que possa ferir alguém ausente. Um cavalheiro nunca calunia ou dá ouvidos à calúnia. 17. O homem mais sagaz se torna chato e mal educado quando pretende atrair toda a atenção de um grupo no qual deveria interpretar um papel mais modesto. 18. Evite frases feitas, e faça citações raramente. Elas às vezes temperam uma conversa, mas quando se tornam hábito constante, são extremamente tediosas e de mau gosto. 19. Não seja pedante; é uma marca, não de inteligência, mas de estupidez. 20. Fale sua língua corretamente; ao mesmo tempo não seja maníaco em relação à formalidade e correção das frases. 21. Nunca repare se outros cometem erros de linguagem. Pontuar isso verbalmente ou por olhar, naqueles ao seu redor, é falta de educação. 22. Se o assunto é de trabalho ou científico, evite o uso de termos técnicos. São de mau gosto, porque muitos não entenderiam. Entretanto, se você os usa inconscientemente numa frase, não cometa o erro maior de explicar o significado. Ninguém o agradecerá por destacar-lhes a ignorância. 23. Ao conversar com um estrangeiro que não fale Inglês corretamente, escute com atenção, mas não sugira uma palavra ou frase se ele hesitar. Acima de tudo, não demonstre por ação ou palavra se está impaciente com as pausas e erros do orador. Se você entender a língua dele, avise isso assim que se falarem; não é uma exibição do seu conhecimento, mas uma gentileza, já que um estrangeiro ficará feliz em falar e ouvir a língua materna num país estranho. 24. Tenha cuidado, em sociedade, para nunca se colocar no papel de bufão, ou logo você será conhecido como o “engraçado” da turma, e nada é mais perigoso para a dignidade de um cavalheiro. Você se expõe à censura e ao ridículo, e pode estar certo que, para cada pessoa que ri com você, duas riem de você, e para cada um que o admira, dois assistem a tudo com reprovação. 25. Evite se gabar. Falar de dinheiro, boas relações ou do luxo à sua disposição é de mau gosto. É indelicado falar da sua intimidade com pessoas importantes. Se os nomes deles ocorrerem naturalmente no curso da conversa, tudo bem; mas ficar constantemente citando, “meu amigo, o Governador,” ou “meu amigo íntimo, o Presidente,” é pomposo e de mau gosto. 26. Quando se recusar a fazer piadas, não demonstre desprezo pela alegria alheia. É mal educado propor assuntos graves quando uma conversa prazerosa está ocorrendo. Junte-se à diversão e esqueça seus problemas mais graves, e você será mais popular do que se tentar converter a alegria inocente em discussão grave. 27. Quando em sociedade com acadêmicos, não os questione sobre seus trabalhos. Mostrar admiração por um autor é de mau gosto, mas você pode ser gracioso se, com um citação ou referência, mostrar que é um leitor e que aprecia a obra. 28. É extremamente rude e pedante, numa conversa geral, fazer citações em língua estrangeira. 29. Usar frases de duplo sentido não é cavalheiresco. 30. Se estiver ficando irritado com a conversa, mude de assunto ou fique em silêncio. Você pode dizer, num arroubo de paixão, palavras que nunca usaria num momento mais calmo, e as quais você lamentaria depois de dizer. 31. “Nunca fale de cordas para um homem cujo pai foi enforcado” é um ditado vulgar, mas popular. Evite assuntos que possam ferir personalidades e assuntos de família. Evite, se puder, conhecer os segredos de seus amigos, mas se algum lhe for confidenciado, nunca o revele a terceiros. 32. Se você é viajado, não fale constantemente disso. Nada é mais cansativo do que um homem que começa todas as frases com, “Quando estive em Paris,” ou, “Na Itália eu vi…” 33. Quando fizer perguntas sobre pessoas que não conhece num salão, evite usar adjetivos; ou você pode perguntar à uma mãe, “Quem é a garota feia, esquisita?” e receber como resposta, “Senhor, aquela é minha filha.” 34. Evite a fofoca; numa mulher é detestável, mas num homem é simplesmente desprezível. 35. Não ofereça assistência ou conselho à sociedade geral. Ninguém irá agradecê-lo por isso. 36. Evite a lisonja. Um elogio delicado é permitido numa conversa, mas o excesso é rude, vulgar, e para pessoas sensíveis, repugnante. Se você lisonjeia seus superiores, eles deixam de confiar em você, acreditando que você tem algum motivo egoísta; se lisonjeia damas, elas o desprezam, por pensarem que você não tem outro assunto. 37. Uma dama de bom senso se sentirá mais elogiada se você conversar com ela sobre assuntos interessantes e instrutivos, ao invés de apenas sobre sua beleza. Neste caso ela concluirá que você a considera incapaz de discutir assuntos elevados, e você não pode esperar que ela fique satisfeita em ser considerada uma pessoa boba e vaidosa, que precisa ser adulada para ficar de bom humor. Livre tradução de A Gentleman’s Guide to Etiquette, de Cecil B. Hartley
São José de Cupertinonasceu em 17 de junho de 1603 como José Desa, em Cupertino, Diocese de Nardo, perto de Nápoles, Itália . Após varias tentativas de entrar na vida religiosa (ele era considerado ignorante e sem cultura), o "irmão burro", como as vezes era chamado, foi aceito no Convento Franciscano em Grotela onde ele foi ordenado em 1628. Sua vida tonou-se uma serie de visões e extasies, as quais aconteciam em qualquer local e a qualquer hora pelo som do sino de uma igreja ou pelo som de uma musica sacra ou simples menção do nome de Deus ou da Virgem Maria ou ainda a menção de eventos da vida de Cristo como a Sagrada Paixão ou a visão de uma pintura sacra. Gritos, beliscões, queimaduras, agulhadas, nada o trazia de volta de seus transes; mas ele voltada na hora com a ordem do seu superior. Ele por várias vezes levitava e flutuava como um pássaro ( daí ele ser o padroeiro dos aviadores e passageiros de aviões). Mesmo no século 17 já havia interesse no incomum e os extasies de José, em público, provocaram admiração em uns e constrangimento em outros. Por 35 anos não foi permitido a ele atender o coro, o refeitório comum, e dizer missa na igreja, para prevenir que ele fizesse um espetáculo em público, ele recebeu ordens de ficar em seu quarto com uma capela privativa. O Papa Urbano VIII encontrou-se com ele em Grotela e ele ao ver a imagem de Nossa Senhora entrou em extasie. O papa que falava aramaico fez perguntas complicadas e o mesmo respondeu na mesma língua, com grande sabedoria e naturalidade. Depois deste episódio, ele passou a ser muito respeitado e por várias vezes foi consultado pelos exegetas da Igreja sobre questões muito controvertidas e o " irmão burro" respondia a todas como se fosse um luminar na matéria. Dizia com simplicidade que em algumas de suas visões as vezes ficava conversando com alguns apóstolos e as vezes com Jesus e a Virgem Maria. Quadro " as visões de José de Cupertino". De alguns êxtases ele não se lembrava de nada, mas de outras visões ele tinha perfeita lembrança e as descrevia com detalhes que deixava a todos boquiabertos. Para evitar constrangimento para ele e para a Igreja, José foi enviado a uma casa Capuchina e depois para uma casa Franciscana e a outra Capuchina e assim por diante. Mas, José permaneceu fiel ao seu espirito alegre e brincalhão sempre se submetendo Divina Providencia. Fazia os 40 dias de jejum a cada ano na quaresma sempre com uma fé inabalável. Faleceu em18 de setembro de 1663 de uma severa febre e foi enterrado na igreja de Ossimo. Relicário com o corpo de José de Cupertino Foi beatificado em 17 de junho de 1703 pelo Papa Benedito XIV e canonizado em 16 de julho de 1767 pelo Papa Clemente XIII. É o padroeiro dos tripulantes e passageiros de aeronaves, astronautas e pilotos aviadores, pilotos de asa delta, ultra leves, etc. Sua festa é celebrada no dia 18 de setembro. Ele era carente de capacidade intelectual a ponto de chamar-se a si mesmo de "Frei Burro". Mas, cheio de luzes sobrenaturais, discorria em profundidade sobre temas teológicos e resolvia intrincadas questões que lhe eram apresentadas. Deus criador chama todos e cada um dos homens à santidade, porém, em sua sabedoria infinita, o faz pelas mais diversas vias. A uns pede que se isolem como eremitas nos desertos, a outros manda pregar às multidões. Conserva por toda a vida a inocência imaculada de uns, enquanto a outros faz emergir de uma situação de terríveis pecados para, arrependidos, atingirem a perfeição. Há, porém, um contraste que desperta especialmente a atenção: quando a excelência das virtudes floresce numa alma pouco favorecida pelas capacidades intelectuais. Deus suscitou inteligências luminares, como São Tomás de Aquino ou Santo Agostinho, mas, para demonstrar sua onipotência, elevou a alto grau de santidade também homens os mais desprovidos de capacidades naturais. Um destes últimos é São José de Cupertino. Uma vocação difícil de realizar-se O pequeno José veio ao mundo em 17 de junho de 1603, na aldeia de Cupertino, não longe de Otranto, Itália. Seu pai, umpobre carpinteiro, morreu antes que o bebê nascesse, deixando a infeliz viúva com seis filhos e carregada de dívidas. Insensíveis à sua dor, os credores a despejaram da casa, pois ela não tinha condições de pagar o aluguel. A triste senhora ficou reduzida à situação de dar à luz em um estábulo. Assim, já em seu nascimento, a vida de José se assemelhava à do Salvador, cujos passos viria resolutamente a seguir. Igreja construída sobre a casa paterna de José de Cupertino Apesar de sua pobreza, a mãe conseguiu colocá-lo em uma escola, e foi nela que, aos oito anos, ele teve o primeiro de seus numerosos êxtases. Seus colegas, não compreendendo a razão de vê-lo parado e com o olhar perdido, deram-lhe o jocoso apelido de "Boccaperta" (boca aberta). Quando estava um pouco mais crescido, começou a trabalhar como aprendiz de sapateiro. No entanto, já sentia a vocação religiosa, e ao completar 17 anos tentou ser admitido num convento dos capuchinhos. Para sua tristeza, foi recusado por conta de sua ignorância. Não se deixou esmorecer e, à custa de grande insistência, conseguiu ser recebido como irmão leigo, em 1620, pelos capuchinhos de Martino, que o experimentaram em diversos ofícios, mas os seus êxtases contínuos sujeitavam a louça e outros objetos do convento a uma prova não pouco custosa! Dizem que chegaram a colar em seu hábito os cacos da louça que quebrara. Foi preciso mandá-lo embora. Na terrível provação de ter que despir-se do hábito franciscano, comentou que era como se lhe arrancassem a própria pele. José procurou abrigo na casa de um tio que tinha certas posses, mas, após algum tempo, este o declarou "completamente inútil" e o pôs na rua. Após tantas desventuras, voltou para a casa materna. Sua mãe recorreu a um parente que era franciscano, por cujo intermédio o jovem acabou sendo aceito no convento de La Grotella, como ajudante leigo, nos trabalhos do estábulo. Embora sempre distraído e desastrado, sua humildade e espírito de oração e penitência o tornaram estimado por todos, e em 1625, por votação unânime dos frades, ele foi por fim admitido como religioso franciscano. Os frades conventuais concordaram em aceitá-lo para cuidar da mula do convento de Grottella. Depois, sua piedade, austeridade, obediência e dons sobrenaturais levaram os frades a admitirem-no no convento. Relíquia do hábito de José de Cupertino Pregação feita por meio do bom exemplo Entretanto, seu amor a Deus levava-o a almejar o sacerdócio. Embora alguns duvidassem que ele fosse capaz de tanto, os superiores permitiram- lhe começar os estudos. Atravessou os anos de filosofia a duras penas. Nas horas de exame, ficava tão inseguro que, muitas vezes, era incapaz de responder. Mas a Providência não o desamparava. Quando seu mestre começava a impacientar-se, o nosso santo lhe dizia: "Tenha paciência, assim será mais meritório". Em uma das provas mais importantes, o examinador lhe disse: "Vou abrir a esmo o Evangelho, e a primeira frase que me cair sob os olhos, essa terás de me explicar". Em seguida, abriu o livro santo na página da visita a Santa Isabel, e mandou Frei José dissertar sobre a frase: "Bendito é o fruto de teu ventre". Era justamente este o único ponto que ele sabia explanar. Chegou, por fim, o dia do exame definitivo, no qual se decidiria quem seria ordenado. José recomendou-se à sua Santa Mãe, Nossa Senhora de Grottella. Imagem de Nossa Senhora venerada por José de Cupertino Apresentou-se o grupo de seminaristas diante do bispo, e este logo começou o exame oral. Os dez primeiros a serem interrogados saíram-se tão bem que o prelado, muito satisfeito com o nível de preparação daquele conjunto, dispensou da prova os demais. Frei José era o 11º da lista... Assim, com razão, Frei José de Cupertino viria a ser declarado padroeiro dos estudantes, especialmente daqueles que se encontram no período de exames. Foi ordenado sacerdote em março de 1628. Sempre teve muita dificuldade de pregar e ensinar. No entanto, supria essa deficiência e ganhava as almas por meio da oração, da penitência e do poderoso meio do bom exemplo. "Frei Burro"... e hábil teólogo Na verdade, era pouco versado nos conhecimentos humanos, tanto que se chamava a si mesmo de "Frei Burro". Contudo, a graça divina lhe concedia muita sabedoria e luzes sobrenaturais, e desse modo ele não somente ultrapassava o comum dos homens no aprendizado das doutrinas, como se mostrava hábil em resolver as mais intrincadas questões que lhe eram apresentadas. Em certa ocasião, um professor da Universidade Franciscana de São Boaventura disse: "Escutei-o discorrer tão profundamente sobre os mistérios da teologia, como não o poderiam fazer os melhores teólogos do mundo". Além disso, nunca deixou de ser místico e grande contemplativo. Tudo aquilo que, de algum modo, tinha relação com Deus ou com as coisas santas - o som do sino, o canto litúrgico, a menção dos nomes de Jesus ou de Maria, alguma passagem dos Evangelhos - facilmente o transportava ao êxtase. E nada o tirava desse estado. Em vão seus irmãos de hábito tentavam empurrá-lo ou arrastá-lo, depois passaram a golpeá-lo, espetá-lo com pregos e, por fim, alguns mais impacientes chegaram a tocar sua pele com brasas. Nada produzia efeito. Por milagre da santa obediência, somente a voz do superior o trazia de volta à vida comum. Êxtases freqüentes, fonte de transtornos e provações O êxtase às vezes o surpreendia durante a Missa. Voltando a si, São José retomava o santo sacrifício no ponto preciso em que o havia deixado, sem se equivocar no cerimonial. Tais eram seus êxtases que certo dia, durante uma levitação, suas mãos ficaram por cima das chamas de dois tocheiros. Atônitos, os espectadores ficaram mudos de temor, mas, passado o êxtase, não havia qualquer sinal de queimadura. Sua Missa durava habitualmente duas horas. Por vezes, Nosso Senhor lhe recomendava que a abreviasse para ir desempenhar seu ofício de esmoler. Aconteceu- lhe mesmo de elevar-se e permanecer suspenso no ar. Como essas ocorrências causavam não pouco espanto e admiração, além de grande distúrbio na comunidade, os superiores acharam por bem decidir que Frei José não mais celebrasse Missa em público nem participasse dos atos em comum, como cânticos no coro, refeições e procissões. A partir de então, ele devia permanecer em seu quarto, onde uma capela privada foi preparada para seu uso. Tudo o bom frade aceitou, com humilde e obediente resignação. Quarto de São José de Cupertino, transformado em capela. Quarto de José de Cupertino Mas as provas a que Deus submetia este seu servo estavam longe de terminar. Tantas manifestações sobrenaturais chamaram a atenção da Inquisição, perante a qual o bom frade foi acusado de abuso da credulidade popular. Durante um interrogatório no mosteiro napolitano de São Gregório Armeno, ele teve um êxtase diante dos juízes. O longo e complexo processo ocasionou-lhe o transtorno de ser várias vezes transferido de uma casa dos capuchinhos para outra. Mas Frei José de Cupertino sempre manteve sua paciência e espírito alegre, submetendo- se com confiança aos desígnios da Providência. Longe de afligir-se, progredia na via da santificação. Praticava a mortificação e o jejum a tal ponto que fazia sete longos períodos de abstinência por ano, e durante boa parte desse tempo não experimentava nenhuma comida, exceto às terças-feiras e domingos. Simplicidade e inocência Comumente via as pessoas em forma de um animal que representava o estado de sua alma. Se encontrava alguém cuja alma não estivesse limpa, sentia o mau odor do pecado e advertia: "Estás cheirando mal, vai te lavar". E, após uma boa confissão, sentia um aroma agradável de perfume. Vivia de tal forma em contemplação que, mesmo durante árduos trabalhos, não conseguia distrair-se dela. Não poucas vezes, pensando nas realidades eternas, José se elevava do chão. Realmente, o "Irmão Burro" passou boa parte de sua vida no ar, entre o céu e a terra... Devido talvez à sua simplicidade e inocência, José de Cupertino tinha grande amizade e familiaridade com as mais simples criaturas de Deus. Certa vez mandou um passarinho ir ensinar às freiras de um mosteiro cantar o Ofício. E todos os dias, à hora das Matinas e da Noa, eis que o pássaro aparecia à janela do coro, animando o cântico das religiosas. Em outra ocasião, encontrou duas lebres junto ao bosque de Grottella e as preveniu: "Não vos afasteis de Grottella, porque muitos caçadores vos perseguirão". Tendo desobedecido a essa recomendação, uma delas foi surpreendida e perseguida por cães. Encontrando aberta a porta da capela, o animalzinho atravessou a nave e atirou-se nos braços de José. "Eu não tinha te avisado?", disse-lhe o santo. Em seguida, chegaram os caçadores, reclamando sua presa. "Esta lebre está sob a proteção de Nossa Senhora, portanto não a tereis", respondeu ele. E, depois de abençoá-la, a pôs em liberdade. Apenas ao pronunciar os santíssimos nomes de Jesus e de Maria, José entrava em levitação. Passeando um dia com outro frade nos jardins do convento, este lhe disse: "Irmão José, como criou Deus um tão belo céu!" Ao ouvir estas palavras, José deu um grito, voou e colocou-se de joelhos sobre uma oliveira. Os galhos balançavam como se estivessem sob o peso de um pássaro. A santidade atrai Sua fama de santidade espalhou-se rapidamente por toda a Itália e mesmo por outros países da Europa. Príncipes, reis, cardeais e até o Papa o procuravam. Todo este movimento em torno do humilde religioso e os fenômenos sobrenaturais pouco comuns inquietaram a Inquisição. Em 1653, por ordem do Santo Ofício, foi transferido de Assis para o convento capuchinho de Petra Rúbia, e depois, para o isolar mais, a Fossombrone. Devia ele viver isolado, inclusive, da comunidade. Os frades conventuais recorreram ao Papa Alexandre VII. Queriam reconduzir São José a Assis, mas o Papa respondeu: "Não, basta-lhes um São Francisco em Assis". Que maior elogio para um franciscano?! Foi enviado a Ósio, perto de Loreto em 1657. Ao chegar, exclamou: "Este é o lugar de meu descanso". E de fato foi em Ósio que entregou sua virtuosa alma a Deus, em 17 de setembro de 1663. Relicário com seu corpo Foi canonizado por Clemente XIII em 1767. (Revista Arautos do Evangelho, Jan/2004 e Set/2006, n. 25 e 57) ORAÇÃO PARA PROVAS: Esta poderosa oração é muito eficaz em exames (provas). Ela deve ser rezada antes de se comparecer a um exame (ou antes de fazer uma prova). Há duas versões. Ambas são igualmente eficazes. Você pode escolher qualquer uma delas. Primeira Oração Oh, grande São José Cupertino que, enquanto estáveis na terra, obtivestes de Deus a graça de ser arguido em vosso exame justamente sobre a única questão que sabíeis, obtende-me igual favor no exame para o qual eu estou me preparando. Como gratidão, eu prometo fazer-vos conhecido e invocado. Segunda Oração Oh São José Cupertino que por vossa prece obtivestes de Deus ser arguido em vosso exame apenas sobre a materia que sabíeis. Concedei-me obter o mesmo êxito que vós na prova de... (mencionar o nome ou tipo do exame ao qual se há de submeter, por exemplo, prova de história, etc.). São José Cupertino, rogai por mim. Espírito Santo, iluminai-me. Nossa Senhora, Imaculada Esposa do Espírito Santo, rogai por mim. Sagrado Coração de Jesus, sede da Divina Sabedoria, iluminai-me. Lembre-se de que quando você for bem sucedido nas provas, deverá agradecer a São José Cupertino. Basílica de São José de Cupertino Teto da Basílica Imagem de São Miguel feita por José de Cupertino ALGUNS TESTEMUNHOS SOBRE A LEVITAÇÃO DE JOSÉ DE CUPERTINO: Esses prodígios superabundam na vida do bem-aventurado José de Cupertino. Viam-no voar até às abóbadas da igreja, sobre as bordas do púlpito,ao longo das paredes donde pendia o crucifixo ou alguma imagem piedosa, em direção à estátua da Santa Virgem e dos Santos, pairar sobre o altar e por cima do tabernáculo, arremessar-se ao alto dos ares, agarrar-se e balançar-se nos menores ramos com a ligeireza de um pássaro, enfim, transpor de um pulo grandes distâncias. Uma palavra, um olhar, o menor incidente que tivesse ligação com a piedade, produziam-lhe esses transportes. Quiséramos descrever algumas dessas cenas que o mundo tacharia de estranhas e ridículas, e que achamos admiráveis, visto atestarem o maravilhoso poder das almas santas sobre o corpo e a Natureza e, melhor ainda, sobre o coração de Deus, que as liberta a seu gosto das servidões vulgares; Se conhece de mais de 200 santos que experimentaram a levitação. Este dom extraordinário consiste na elevação do corpo humano sem a participação de nenhuma força física. É um presente, um dom de Deus para determinadas almas muito elevadas espiritualmente. São José de Copertino teve numerosas levitações. Um domingo, festa do Bom Pastor, São José de Cupertino apresentou-se com um cordeirinho nos ombros e ao pensar em Jesus Bom Pastor, foi-se levantando pelos ares. Caía em êxtases com muita freqüência, durante a Missa, ou quando rezava os Salmos. Durante os 17 anos que esteve no Convento de Grotella, seus companheiros de Comunidade observaram 70 êxtases. Levitou carregando uma cruz pesada até a montanha O mais famoso dos êxtases aconteceu quando dez obreiros do Convento desejavam levar uma pesada cruz a uma alta montanha, mas não conseguiam pelo peso e a distancia a percorrer. Frei José, tomou a Cruz sozinho, pôs sobre os ombros e foi se elevando, como que voando até o alto da montanha, e lá depositou a Cruz, sob os olhos atônitos de seus irmãos. Desculpa-se por levitar - A virtude da obediência: Quanto estava em êxtases, como não retornava, seus irmãos o cutucavam com agulhas, lhe davam pauladas e até colocavam velas acessas para queimar seus dedos, mas mesmo assim José não retornava, a não ser quando ouvia a voz de seu Superior pedindo-lhe que regressasse. Quando regressava dos êxtases, constantemente se desculpava dizendo a seus companheiros: “Desculpem-me por estes ataques de vertigens que me ocorrem”. Levitando por amor a Santíssima Virgem: Um dia chegaram ao Convento o Embaixador da Espanha com a esposa e mandaram chamar ao Frei José para que os atendessem em uma consulta espiritual. Este chegou correndo, porém quando chegou correndo para falar com eles, viu um quadro da Virgem Maria, que estava no alto da parede, e dando seu típico pequeno grito, se foi elevando pelo ar até o alto e ficar de frente com o quadro da Sagrada Imagem. O Embaixador e sua esposa contemplaram com emoção esta ação divina, coisa que jamais tinham visto. O Santo rezou uns momentos e em seguida desceu suavemente ao solo e extremamente constrangido, subiu correndo a sua habitação, e não saiu do quarto mais nesse dia. São José de Cupertino levitando por devoção a Virgem Maria Em Ósimo, onde o Santo passou seus últimos seis anos, um dia os demais religiosos o viram elevar-se até uma Imagem da Santíssima Virgem Maria que estava a três metros e meio de altura e dar um beijo no Menino Jesus, e ali junto a Mãe e o Filho ficou um bom tempo rezando com intensa emoção, suspenso no ar. São José de Cupertino levitando na Missa O Dia da Assunção da Virgem no ano de 1663, um mês antes de sua morte, celebrou sua última missa, e estando celebrando, ficou suspenso no ar como se estivesse no céu, diante de Deus. Muitos testemunharam este fato. Levitando diante do Papa e perseguido pela Inquisição Numa época em que a heresia de Lutero tentava fortemente penetrar nos países católicos, o Sagrado Tribunal da Inquisição vigiava sobre qualquer anormalidade. Vendo as grandes multidões que atraía Frei José de Copertino, julgou prudente, de acordo com o Papa, retirá-lo para um convento menos conhecido, onde ele deveria viver praticamente recluso. Foi-lhe proibido falar com qualquer pessoa além dos religiosos do convento, e mesmo de escrever cartas a quem quer que fosse. Muitos inimigos, começaram a dizer que todas estas manifestações eram meras invenções e os acusavam de enganador, causando-lhe inúmeros transtornos. Foi enviado ao Superior Geral dos Franciscanos em Roma e este ao dar-se conta que era tão piedoso e tão humilde, reconheceu que o Frade era um homem santo. Foi então enviado ao Papa Urbano VII, que desejava saber se era certo ou não os comentários que se faziam a respeito dos êxtases do Frei José. E estando a falar com o Papa, José se sentiu tão emocionado que de imediato entrou em êxtases e foi se elevando pelo ar. VOA REZANDO Num dia da Imaculada Conceição, ele convidou o padre guardião à repetir com ele: Pulchra Maria! (Maria é bela!) E logo que repetiu estas palavras, o santo, entrando em êxtase, passa o braço em volta da cintura do seu superior e leva-o consigo para os ares, repetindo juntos: Pulchra Maria! Pulchra Maria! A CURA DE UM DOENTE NUM VÔO Outra vez, trazem-lhe um cavalheiro, em estado de demência, para que obtenha de Deus a sua cura. O santo manda-o ajoelhar e, pondo-lhe a mão na cabeça, diz-lhe: Sr. Baltazar, não tenha receio. Recomendo-o a Deus e à sua santíssima Mãe. . . No mesmo instante, dá o grito que habitualmente anuncia o êxtase: Ah. Agarra o homem pelos cabelos, eleva-se com ele ao espaço, onde o conserva suspenso por algum tempo, e, quando os seus pés de novo pousaram no chão, o doente estava curado. FONTES: http://www.viaggispirituali.it/2011/02/santuario-san-giuseppe-copertino-lecce-2/ http://xoomer.virgilio.it/antiquarius/vita.html http://www.cademeusanto.com.br/sao_jose_cupertino.htm http://www.arautos.org.br/view/show/6900-sao-jose-de-cupertino-o-padroeiro-dos-estudantes-em-apuros http://www.oracoes.info/NovenasSantos023.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Levita%C3%A7%C3%A3o_%28catolicismo%29 http://it.wikipedia.org/wiki/File:Casa_paterna_di_San_Giuseppe_da_Copertino.jpg http://romansacristan.blogspot.com.br/2008/09/saint-joseph-of-cupertino.html http://rezairezairezai.blogspot.com.br/search/label/SANTOS%20QUE%20VOAM
Por Hermes Rodrigues Nery | FratresInUnum.com A Igreja celebra, ao iniciar-se o mês de outubro, a festa de Santa Teresinha, declarada “Doutora da Igreja” por S. João Paulo II, em 1997. …
São Bento de Núrsia (297 - 395) Festa Litúrgica 11 de Julho; São Bento, bendito não só pela graça como pelo próprio nome, nasceu em uma nobr...
Padre Luís Erlin, CMF, no livro 3 Meses com São José, em Oração pela Minha Família, nos presenteia com um itinerário espiritual a caminho do Céu, através da vida simples e corajosa do pai adotivo do Menino Jesus. Na publicação, vivemos momentos marcantes da história da salvação pelo olhar de São José. Em uma das meditações, o tema foi o respeito que devemos ter ao ritmo das outras pessoas. Entenda que ninguém é obrigado a caminhar no seu ritmo! Aprender essa lição com um simples carpinteiro é sensacional.
Termino mais uma tradução exaustiva, mas apaixonante. E redescubro um São José jamais imaginado: tão denso, tão grandioso, tão forte e tão sofrido e angustiado e aflito. Realmente, permaneceu oculto por séculos, mais meus modestos quase cinquenta anos! E uma devoção totalmente nova eis que surge em meu pequeno e sedento coração!!! Quem é, de fato, este homem, que possibilitou que o "fiat" não ficasse por isso mesmo, entregue à maldade e à ferocidade humana, e se realizasse completamente na Cruz? Será ele o "menor" de que falava Nosso Senhor Jesus Cristo? Bò! Isso só o saberemos naquele Dia em que tudo será revelado... Até lá procurarei recuperar o tempo perdido, aprofundando e intensificando está devoção inesperada e divulgando-a a quem quiser ouvir! E mais não digo... E que venham as vertigens! Ah! Sim, digo: Esta tradução é minha, custou noites sem dormir, então não copiem como se fosse obra de vocês. Ela está aqui, gratuitamente, para o bem de todos, não para lucro mesquinho. Não publiquem sem minha autorização expressa e sem a devida referência. Giulia d'Amore A superioridade de São José sobre todos os outros Santos de Fr. Reg. Garrigou-Lagrange O.P. (em “La Vie Spirituelle”, 1929, t. 19, pp. 662-683) “Quem dentre vós for o menor, esse será grande” (Luc. 9,48) Clique e veja mais imagens A doutrina pela qual S. José, depois de Maria, foi e ainda é mais unido a Nosso Senhor do que qualquer outro santo está cada vez mais se tornando a doutrina comum da Igreja. Esta não teme proclamar o humilde carpinteiro superior, em graças e beatitude, aos Patriarcas, a Mosés, o maior dos Profetas, a S. João Batista, e também aos Apóstolos, a S. Pedro, a S. João, a S. Paulo, e, enfim, a fortiori, superior em santidade aos maiores Mártires e aos máximos Doutores da Igreja. Esta doutrina foi ensinada por Gerson[1] e por S. Bernardino de Sena[2]. Torna-se cada vez mais difundida a partir do século XVI: é sustentada por S. Teresa, S. Francisco de Sales, Suarez[3], depois por S. Alfonso de Ligório[4] e muitos outros[5]. Finalmente, S.S. Leão XIII, na Encíclica Quamquam pluries, escreve: “É certo que a dignidade de Mãe de Deus é tão alta que nada pode haver de mais sublime; mas pelo fato de que entre a Beatíssima Virgem e José foi estreitado um vínculo conjugal, não há dúvida de que a essa altíssima dignidade, por força da qual a Mãe de Deus se eleva muitíssimos acima de todas as criaturas, Ele se aproximou mais do que ninguém. O matrimônio, de fato, é a forma mais elevada de sociedade e de amizade, à qual, por sua natureza, se une a comunhão de bens. Portanto, se Deus deu José em Esposo à Virgem, deu-Lho não só como companheiro de vida, testemunha da virgindade e tutor da honestidade, mas também como partícipe, em virtude do pacto conjugal, da excelsa grandeza dEla”[6]. Pelo fato de que a dignidade de Maria “se eleva muitíssimos acima de todas as criaturas”, como é dito nesta encíclica, segue-se que o primado de S. José deve ser entendido não apenas no que diz respeito a todos os outros santos, mas também com relação aos Anjos? Não se o pode afirmar com certeza. Contentemo-nos de expor a doutrina, cada vez mais aceita na Igreja, que afirma que, entre todos os outros Santos, S. José é o mais elevado, no Céu, depois de Jesus e Maria. Ele está entre os Anjos e Arcanjos. Sua missão em relação à Sagrada Família fez dele o Patrono da Igreja universal, seu protetor e defensor. A ele, em certo sentido, é particularmente confiada a multidão dos cristãos de todas as gerações, como o provam a bela Ladainha que resume suas prerrogativas. Pretendemos lembrar, aqui, o princípio teológico sobre o qual se funda esta doutrina, cada vez mais aceita desde há cinco séculos, acerca do primado de S. José sobre todos os outros santos. I. Uma missão divina excepcional requer uma santidade proporcional O princípio geral pelo qual a teologia, explicando a Revelação, demonstra qual devia ser, aqui na terra, a plenitude da graça criada na santa alma do Salvador, qual, depois, tinha que ser a santidade de Maria e também a fé dos Apóstolos, repousa sobre a excepcional missão divina que eles receberam, missão que exigia uma santidade proporcional. Algo semelhante aconteceu também com S. José. Esponsalício de Maria Santíssima e S. José As obras de Deus são perfeitas, especialmente as que Lhe dizem respeito imediata e exclusivamente. Não se poderá encontrar nada de imperfeito ou desordenado, como, por exemplo, na obra divina como um todo, no momento da criação[7]. O mesmo pode se dizer dos grandes servos de Deus, por Ele suscitados direta e excepcionalmente para restaurar a obra divina desfigurada pelo pecado. “Deus criou o homem à Sua imagem” (Gen. 1,27). “Ele havia preestabelecido (...) de realizá-lo na plenitude dos tempos, de instaurar todas as coisas em Cristo” (Ef. I, 10). Compreende-se melhor a verdade, a importância e a evidência deste princípio revelado, ao se considerar, por contraste, o que frequentemente ocorre na condução dos assuntos humanos. Não é raro que pessoas incapazes e inexperientes ocupem altos cargos, com grandes danos a seus subordinados. Isto será em certos momentos até particularmente irritante, a menos que pensemos que o Senhor compense esses inconvenientes com os atos muitas vezes heroicos da santidade escondida, e lembremos que cada um de nós deve fazer o próprio mea culpa pelas negligências no exercício dos cargos ou ofícios que lhe foram confiados. Essas faltas são tão frequentes que a partir de certo ponto ninguém mais se importa. A desordem, contudo, é, afinal, sempre desordem, a incapacidade é incapacidade, e não se encontrará nada disso naqueles que são escolhidos diretamente pelo próprio Deus e por Ele preparados imediatamente para serem seus ministros excepcionais na obra da Redenção. O Senhor lhes dá uma santidade proporcional, uma vez que Ele opera sempre com medida, e a desordem e a desproporção não podem ser encontradas nunca nas obras propriamente divinas, das quais só Ele é o autor. A caminho de Belém - o censo Por este motivo, sobretudo a santa alma de Jesus recebeu, desde o primeiro instante de sua criação, a plenitude absoluta da Graça, seja porque era tão intimamente unida ao Verbo de Deus, fonte de toda a vida sobrenatural, seja porque tinha que nos comunicar esta vida divina com a luz do Evangelho e pelos méritos infinitos do sacrifício da Cruz: “De sua plenitude nós todos recebemos (...). Deus ninguém jamais O viu. O Seu Filho Unigênito, que está no seio do Pai, ele no-lo revelou” (João 1,16-18). Santo Tomás de Aquino vê neste texto do Evangelho e em outros semelhantes não só a plenitude de graça, mas a glória, ou seja, a visão beatífica de que gozava na Terra o Salvador, para nos conduzir, como Mestre dos mestres, pelo caminho da salvação. “Cristo teve a plenitude da graça porque ele a teve em sumo grau, segundo o modo mais perfeito em que se pode ter. E isso aparece em primeiro lugar considerando a proximidade da alma de Cristo com a causa da graça. De fato, foi dito que, quanto mais uma coisa receptiva está próxima da causa influente, mais abundantemente a recebe. E, por isso, a alma de Cristo, a qual entre todas as criaturas racionais é a que se une mais conjuntamente a Deus, recebe a máxima influência de Graça. Em segundo lugar, pela comparação com o efeito. A alma de Cristo recebia, de fato, de tal forma a graça que a comunicava, de certo modo, dela para os outros. A graça lhe era conferida enquanto princípio geral no gênero daqueles que estavam destinados a tê-la. (...) O que é em potência passa ao ato graças àquilo que é no ato. É necessário, de fato, que uma coisa seja quente para aquecer os outros. O homem, porém, é em potência, em ordem à ciência dos beatos que consiste na visão de Deus, e é ordenado a ela como seu fim (...). Mas os homens são reconduzidos a este fim da beatitude através da humanidade de Cristo (...). Ocorre, portanto, que a cognição beata, que consiste na visão de Deus, convenha em modo excelentíssimo a Cristo homem: pois sempre ocorre que a causa seja mais poderosa que o efeito”[8]. Mestre de toda a humanidade para as coisas da vida eterna, Jesus Cristo devia, não apenas crer, mas ver a meta suprema à qual nos devia conduzir. "Não temos vagas"! Por causa do mesmo princípio, Maria, enquanto digna Mãe de Deus, devia ser “cheia de graça” (Lc. 1,28), preservada do pecado original, associada a todos os sofrimentos e a todas as glórias de Jesus. Por consequência de sua missão única como Mãe de Deus, devia aproximar-se do Verbo de Deus encarnado mais intimamente que qualquer outro, nos dois grandes mistérios da Encarnação e da Redenção. Mais próxima da fonte de toda a graça, devia receber, mais do que qualquer outra criatura, graça sobre graça, mais do que todos os santos e todos os Anjos. “Quanto mais algo se aproxima de seu princípio, em qualquer gênero, tanto mais participa do efeito daquele princípio (...). Cristo, porém, é o princípio da Graça, com autoridade segundo sua divindade, mas instrumentalmente segundo sua humanidade (...). A Beatíssima Virgem Maria foi muito próxima a Cristo segundo a sua humanidade, porque ele recebeu dEla a sua natureza humana. Motivo pelo qual, muito mais que qualquer outro teve que receber de Cristo a plenitude da graça (...). Não devemos duvidar que a Beata Virgem tenha recebido em modo excelente o dom da sabedoria e a graça da virtude e também a da profecia (...), segundo o que convinha a sua condição”[9]. É, enfim, pelo mesmo princípio que a teologia ensina que os Apóstolos, sendo mais próximos de Nosso Senhor que os Santos que vieram depois, conheceram mais perfeitamente as verdades da fé. “Aqueles que estavam mais próximos a Cristo, ou antes, como S. João Batista, ou depois, como os Apóstolos, conheceram mais plenamente os mistérios da fé”[10]. Aos olhos de Santo Tomás, então, seria temerário negar tal fato, mas ele compara os Apóstolos apenas aos santos que vieram depois deles, e não a S. José, nem a S. João Batista. Santo Tomás, comentando esta passagem de S. Paulo: “Nós mesmos que temos em nós as primícias do Espírito”, diz: “Os Apóstolos tiveram o Espírito Santo antes temporal e mais abundantemente que os outros”[11]. Agora, a missão de S. José não é, por acaso, superior àquela dos Apóstolos e também à do Precursor [o Batista]? A sua vocação não é, porventura, única no mundo, como aquela de Maria? E, em previsão de seu destino excepcional, não se aproximou assaz da fonte de toda a graça, não foi unidos mais intimamente a Nosso Senhor? II. A missão extraordinária de S. José S. João Batista era encarregado de anunciar a vinda imediata do Messias. Pode-se até dizer que ele foi o maior precursor de Jesus no Antigo Testamento. É assim que S. Tomás entende as palavras de Jesus em S. Mateus 11,11: “Em verdade vos digo que, entre os filhos de uma mulher, não há ninguém maior do que João Batista”. Comenta S. Tomás: “Não é inconveniente que S. João Batista seja dito o maior de todos os Padres do Velho Testamento. Ele é o maior e o mais excelente, porque foi pré-escolhido para uma missão maior. Abraão é, de fato, a maior quanto à prova da fé; Moisés quanto ao ofício de Profeta, como se lê em Deut. 24,10: ‘Não surgiu um profeta maior em Israel do que Moisés’. Todos estes foram precursores do Senhor, mas nenhum como o Batista o foi com tamanha excelência e favor, e, portanto, foi elevado ao ofício maior: ‘Será, de fato, grande diante de Deus’ (Lc. 1,15)”. Ele é o precursor por excelência entre todos os Santos do Antigo Testamento, motivo pelo qual, na Ladainha dos Santos, ele vem imediatamente após Maria e os Anjos. Fecha o Velho Testamento e anuncia o Novo[12]. Fuga para o Egito Mas Nosso Senhor imediatamente acrescenta: “No entanto, o menor no Reino dos céus é maior do que ele”. O Reino dos céus é a Igreja do céu e da terra; é o Novo Testamento, mais perfeito, como estado espiritual, do que o Velho, embora alguns justos do Velho tenham sido mais santos do que muitos do Novo. “Esta expressão, ‘No entanto, o menor no Reino dos céus é maior do que ele’ — diz S. Tomás — pode ser explicada de três maneiras. Em primeiro lugar, se por Reino dos céus se entende o estado dos beatos, quem é entre eles o menor é maior do qualquer um que ainda é um peregrino nesta terra (...). E isso, então, deve ser entendido como uma superioridade em ato: em ato, de fato, é maior quem é beato no céu. Diferentemente ocorre considerando a superioridade em potência, como uma pequena grama se diz maior em potência, conquanto uma outra seja, no momento, maior em quantidade. Então, em segundo lugar, podemos interpretar entendendo o Reino dos céus pela Igreja presente, e, nesse sentido, não se diz 'menor' em geral, mas em relação ao tempo. Então, aquilo que é menor é, na verdade, maior. Ou se pode expor em um outro modo, pelo qual alguém pode ser dito superior a outro: ou quanto ao mérito, e assim muitos Patriarcas são superiores a alguns do Novo Testamento, ou comparando um estado a outro: como os virgens são melhores que os casados, mas não que um virgem seja mais santo que um casado”[13]. Independentemente do mérito pessoal dos diferentes servos de Deus, o Novo Testamento, especialmente em sua realização ultraterrena, é evidentemente um estado espiritual mais perfeito respeito ao Velho. S. João Batista se encontra no limiar entre os dois[14]. Retorno a Nazareth E quem foi na Igreja o menor? Palavras misteriosas, que foram interpretadas de maneiras diferentes. Elas remetem às outras palavras pronunciadas a seguir por Jesus: “Quem dentre vós é o menor, este é o maior” (Lc. 9,48). O menor, ou seja, o mais humilde, o servo de todos: “Mas quem é o maior entre vós seja como o menor, e quem governa seja como aquele que serve” (Lc. 22,26). É, portanto, segundo a proporção e a conexão das virtudes, aquele que possui a caridade mais alta: “Todas as virtudes — ensina S. Tomás — de um só homem são iguais por certa igualdade de proporção, enquanto crescem no homem de modo igual. Assim, os dedos de uma mão são desiguais em relação à sua quantidade, mas são iguais segundo a proporção, porque aumentam proporcionalmente”[15]. E quem é na Igreja o mais humilde? Aquele que não foi nem apóstolo, nem evangelista, nem mártir — pelo menos exteriormente –, nem bispo, nem padre, mas que conheceu e amou Cristo Jesus certamente não menos que os Apóstolos, os evangelistas, os mártires, os bispos, os doutores: o humilde artesão de Nazaré, o humilde S. José. Vida em Nazareth By Esteban Murillo Os Apóstolos foram chamados para dar a conhecer aos homens o Salvador, para pregar o Evangelho para a salvação deles. A missão deles, como a de S. João Batista, está na ordem da graça necessária a todos para se salvar. Mas há uma ordem superior à da graça. É aquela constituída pelo próprio mistério da Encarnação: a ordem da União Hipostática ou Pessoal da Humanidade de Jesus ao Verbo de Deus. A esta ordem superior é contígua a missão única de Maria: a divina maternidade, e também, em certo sentido, a missão escondida de S. José. Esta explicação foi exposta de diferentes modos. S. Bernardo: “Foi — eu digo — o servo fiel e prudente que [Deus] constituiu Senhor, conforto de sua Mãe, nutrício de sua carne; o único, enfim, sobre a terra, coadjutor de grande conselho”[16]. S. Bernardino de Sena: “A regra geral de todas as graças que serão comunicadas a cada criatura racional é a seguinte: que, quando a graça de Deus escolhe alguém para algum ofício singular, ou a uma condição mais elevada, lhe dá todo carisma que àquela pessoa assim pré-escolhida e à sua tarefa são necessárias e o adornam abundantemente. Isso se verificou sobretudo em S. José, Pai putativo de Nosso Senhor Jesus Cristo, e verdadeiro esposo da Rainha do mundo e Senhora dos Anjos, que foi escolhido desde a eternidade para ser o fiel nutrício e guardião de seus principais tesouros, ou seja seu Filho e sua Esposa; ofício que realizou de modo fidelíssimo (...). Se o comparar a toda a Igreja de Cristo, não é, porventura, este o homem especial e eleito, por quem e sob cuja autoridade Cristo foi introduzido ao mundo em modo ordenado e honesto? Se, portanto, toda a santa Igreja é devedora da Virgem Mãe, porque por meio dela foi feita digna de receber Cristo, assim, certamente, depois de Maria, deve uma graça e uma reverência singular a este (...) [que] Nutriu, com cuidado e muita solicitude, o Pão do Céu, que deu a todos os eleitos a vida celeste”[17]. O dominicano Isidoro De Isolanis: “São quatro as propriedades da dignidade apostólica: o anúncio (como no último capítulo de S. Mateus: ‘Ide e pregai o Evangelho a todas as criaturas’), a iluminação (S. Mateus, 5: ‘Vós sois a luz do mundo’), a reconciliação (‘A quem perdoardes os pecados serão perdoados’, último cap. de S. Marcos), e a locução do Espírito Santo (‘Não sois vós que falais, mas é o Espírito de meu Pai que fala em vós’, João 15). Estas propriedades são digníssimas, porque vêm imediatamente de Cristo, estão sob sua autoridade, e são por motivo dele. As propriedades de S. José, entretanto, foram o matrimônio com a Rainha dos Céus, o nome de Pai do Rei dos Anjos, a defesa do Messias prometido na lei dos Judeus, a educação do Salvador de todos. Estas propriedades lhe provêm imediatamente em relação e por causa de Cristo. Quem, então, sendo dotado de inteligência, considerada a verdade da Revelação divina, pode investigar, argumentar e tirar conclusões da comparação entre a majestade da vocação apostólica e a celeste dignidade de José, pode [portanto] compreender quanta seja a sua excelência, dignidade, santidade e inexplicável perfeição de virtude. Medita no fundo de teu coração e não encontrarás modo de depreciar ou abaixar para junto de ti a majestade do fastígio apostólico, todavia Deus será exaltado nos dons escondidos de seu Pai putativo”[18]; do mesmo modo Suarez[19] e muitos outros autores, como Mons. Giacomo Sinibaldi, que admiravelmente desenvolve e especifica o argumento relativo à ordem da União Hipostática[20]. É o que Bossuet exprime admiravelmente no primeiro panegírico sobre o grande Santo, quando no terceiro ponto, diz: “De todas as vocações, enfatizo duas, que, nas Escrituras, parecem diretamente opostas: a primeira, a dos Apóstolos, a segunda, a de S. José. Jesus é revelado aos Apóstolos para que o anunciem em todo o mundo. Ele é revelado a José para calá-lo e escondê-lo. Os Apóstolos são luzes para mostrar Jesus ao mundo. José é um véu para cobri-lo. Sob este véu misterioso está escondida a virgindade de Maria e a grandeza do Salvador das almas (...). Quem glorifica os Apóstolos pela honra da pregação, glorifica José pela humildade do silêncio”. A hora da manifestação do mistério do Natal, de fato, ainda não chegara. Este momento deve ser preparado por trinta anos de vida encoberta. A perfeição consiste em fazer a vontade de Deus, cada um segundo sua vocação, mas a vocação realmente extraordinária de S. José não supera, no silêncio e na escuridão, a dos maiores Apóstolos, não toca mais de perto o mistério da Encarnação redentora? José, depois de Maria, esteve mais perto do que qualquer outro ao próprio Autor da graça. Ele, no silêncio de Belém, durante a permanência no Egito e na pequena casa de Nazaré, recebeu mais graças do que poderá jamais receber qualquer outro santo. Qual foi a sua missão especial em relação a Maria SS.? Consistiu, principalmente, em preservar a virgindade e a honra de Maria, em contrair com a futura Mãe de Deus um verdadeiro matrimônio, mas absolutamente santo. Como nos refere o Evangelho de S. Mateus 1,20, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: “José, filho de Davi, não temas receber contigo Maria, tua esposa, porque aquele que está nEla vem do Espírito Santo”. Maria é sua esposa de verdade. Trata-se de um verdadeiro matrimônio[21], mas todo celeste, e que devia ter uma fecundidade divina[22]: “A prole não é chamada bem do matrimônio — escreve S. Tomás — só porque gerada por meio do matrimônio, mas porque no matrimônio é acolhida e educada; e, assim, o bem daquele matrimônio foi aquela prole, mas não no primeiro modo. O que nasceu de um adultério, ou um filho adotivo, que é educado no matrimônio, não são bem do matrimônio, porque este não é ordenado à educação daqueles, como, ao invés, este matrimônio (de Maria e José) foi especialmente ordenado a este fim, ou seja, que aquela prole fosse acolhida e educada neste”. A plenitude inicial de graça dada à Virgem em vista da divina maternidade lembrava, em certo sentido, o mistério da Encarnação. “A Beata Virgem (...) mereceu, pela graça que lhe foi dada, aquele grau de santidade e de pureza que fosse côngruo à sua condição de Mãe de Deus (...) como também os Santos Padres (do Velho Testamento) mereceram, por suas orações e desejos, em modo côngruo, a Encarnação”[23]. Como diz Bossuet: “É a virgindade de Maria, que atrai Jesus do céu (...). Se é esta pureza que a torna fecunda, e não temo afirmar que José tem sua parte neste grande milagre. Porque, se essa pureza angélica é o bem da divina Maria, é também o depósito do justo José”[24]. Tratava-se, sem dúvida, da união mais respeitosa com a criatura mais perfeita que jamais existiu, no quadro mais simples, o de um pobre artesão de aldeia. José aproximou de si, assim, do modo mais íntimo em relação a qualquer outro santo, aquela que é a Mãe de Deus, aquela que é também a Mãe espiritual de todos os homens, do próprio S. José, que é a Corredentora, a Mediadora universal, a dispensadora de todas as graças. S. José, a todos esses títulos, amou Maria com o amor mais puro e mais devoto. Era também um amor teologal, porque amava a Virgem em Deus, por toda a glória que lhe havia doado. A beleza de todo o universo era nada comparada à sublime união dessas duas almas, uma união criada pelo Altíssimo, que encantava os Anjos, e deliciava o próprio Senhor. Qual foi a missão excepcional de S. José em relação ao Senhor? Em toda verdade, o Verbo de Deus encarnado foi confiado a ele, José, ao invés que a outro justo, entre os homens de todas as gerações. Se o santo velho Simeão segurou o pequeno Jesus por alguns instantes e viu nEle a salvação dos povos, “luz para a revelação das gentes”, José velou sempre, noite e dia, sobre a infância de Nosso Senhor. Muitas vezes, segurou em suas mãos aquele que sabia ser seu Criador e Salvador. Recebeu dEle graças sobre graças, durante os longos anos em que viveu com ele na maior intimidade cotidiana. Viu-o crescer, contribuiu à sua educação humana. Jesus lhe foi submisso: “Era submisso a eles” (Lc. 2,5). É comumente chamado de “pai nutrício do Salvador”, mas o foi em um sentido mais elevado, porque, como sublinha S. Tomás[25], é apenas acidentalmente que tal homem, depois do seu matrimônio, se torna “pai nutrício” ou “pai adotivo” do Menino, exatamente porque não foi mesmo de modo acidental que S. José foi encarregado de cuidar de Jesus. Ele foi criado e veio ao mundo exatamente para este desígnio. Foi uma predestinação. É em vista desta missão totalmente divina que a Providência lhe concedeu toda espécie de graça desde sua infância: graça de piedade profunda, de virgindade, de perfeita fidelidade. No desenho eterno de Deus, a razão de ser da união de S. José com Maria foi, sobretudo, a proteção e a educação do Salvador; e ele recebeu de Deus um coração de Pai para velar sobre o Menino Jesus. Esta é a missão principal de S. José, aquela pela qual ele recebeu uma santidade proporcional; proporcional, de certa forma, à sua condição [status], ao mistério da Encarnação, que domina a ordem da graça e cujas perspectivas são infinitas[26]. O Trânsito de S. José Este último ponto foi bem iluminado por Mons. Sinibaldi, em sua recente obra, La Grandezza di San José [A Grandeza de S. José], pp. 33-36, onde mostra que S. José foi predestinado desde a eternidade a se tornar o esposo da S. Virgem, e explica com S. Tomás a tríplice conveniência desta predestinação: “O ministério de S. José e a ordem da União Hipostática (...). Por Ministério (...) se deve entender um ofício, uma função que impõe e produz uma série de atos dirigidos a alcançar um escopo determinado (...): Maria nasceu para ser a Mãe de Deus (...). Mas o esponsalício virginal de Maria depende de José (...). Por isso, o ministério de José tem uma estreita relação com a constituição da ordem da União Hipostática (...). Celebrando seu conúbio virginal com Maria, José prepara a Mãe de Deus como Deus a quer; e nisso consiste a sua cooperação na atuação do grande mistério. Disso surge que a cooperação de José não é igual à de Maria. Enquanto a cooperação de Maria é intrínseca, física, imediata, a de José é extrínseca, moral, mediata (para Maria); mas é verdadeira cooperação”[27]. O Doutor Angélico o estabeleceu, questionando-se (III, q, 29, a. 1) se Cristo devia nascer de uma Virgem que havia contraído um verdadeiro matrimônio. Respondeu afirmativamente: que devia nascer assim, seja por Cristo, seja por sua Mãe, seja por nós. Isso era demasiado conveniente para o próprio Nosso Senhor, para que não fosse considerado, antes de manifestar o mistério do seu nascimento, como um filho ilegítimo, e porque devia ser protegido na sua infância. Para a Virgem não era menos conveniente, para que não fosse considerada culpada de adultério e, por isso, apedrejada pelos hebreus, como observou S. Jerônimo, e para que ela também fosse protegida no meio das dificuldades e das perseguições que deveriam iniciar com o nascimento do Salvador. Isso, como acrescenta S. Tomás, foi também muito conveniente para nós, porque, graças ao testemunho insuspeito de S. José, apreendemos a concepção virginal de Cristo. Segundo a ordem dos assuntos humanos, o seu testemunho admiravelmente confirma para nós o de Nossa Senhora. Finalmente, era soberanamente conveniente porque em Maria encontramos, ao mesmo tempo, seja o perfeito modelo dos Virgens, seja o das esposas e das mães cristãs. Assim se explica que, de acordo com muitos autores, o decreto eterno da Encarnação, em relação ao fato que devia se realizar hic et nunc, naquelas determinadas circunstâncias, compreendeu não só Maria e Jesus, mas também o próprio S. José. Desde toda a eternidade havia sido decidido, de fato, que o Verbo de Deus encarnado nasceria milagrosamente de Maria sempre Virgem, unida ao justo José pelos laços de um verdadeiro matrimônio. A execução deste decreto providencial é assim expresso por S. Lucas 1,27: “O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David, e o nome da Virgem era Maria”. S. Bernardo chama S. José de fidelíssimo cooperador de grande conselho. É por isso que Mons. Sinibaldi, depois de Suarez e muitos outros, afirma que o ministério de S. José é contíguo, de certa forma, à ordem da União Hipostática. Não porque S. José tenha cooperado intrinsecamente, como instrumento físico do Espírito Santo, à realização do Mistério da Encarnação. Deste ponto de vista, seu papel é muito inferior ao de Nossa Senhora, Mãe de Deus. Mas ele foi predestinado a ser, na ordem das causas morais, o guardião da virgindade e da honra de Maria e, ao mesmo tempo, o protetor do Menino Jesus. Qualquer cooperação física, mesmo instrumental, é excluída em S. José. As palavras do Credo “concebido do Espírito Santo” sempre foram entendidas no sentido de “unicamente do Espírito Santo”[28]. Escreve S. Efrem: “Filho de Davi, José desposou uma filha de David, de quem teve uma prole sem intervenção humana (...). Teria sido certamente algo torpe que Cristo tivesse sido concebido de semente de homem, e tampouco honesto (...). Maria deu à luz um filho que, não com seu nome, mas com o de José foi contado[29], embora não derivasse de sua semente. Nasceu sem José o filho de José, que foi ao mesmo tempo filho e pai de David (...). O Evangelho chama Maria com o nome de Mãe, não de nutriz. Mas também chama José de pai, embora não tenha tido parte alguma na geração de Jesus (...). Mas o simples nome não nos torna tais por natureza; assim, de fato, muitas vezes, chamamos de pais não os genitores, mas aqueles que são dignos de reverência por causa de sua idade. Todavia, a natureza tributou a José o nome de pai; um pai, no entanto, que não gerou”[30]. Os termos “sem intervenção humana” e “sem José” excluem totalmente uma ação física, mesmo que apenas instrumental, por parte de S. José. Por sua vez, diz S. Agostinho: “O Senhor, portanto, não nasceu da semente de José, embora assim se pensasse, e, todavia, o filho de Maria Virgem nasceu por causa da caridade e da piedade de José”[31]. O verdadeiro sentimento da Igreja é expresso de modo admirável por S. Francisco de Sales, sob o símbolo (do palmeiral) que se encontra em S. Efrem: “S. José foi, então, como uma palmeira, que é uma planta infrutífera, mas que não é por isso infrutuoso (...). S. José, de fato, não contribuiu de modo algum para este santo e glorioso nascimento, a não ser com a mera sombra do matrimônio, que preservou a Nossa gloriosa Senhora e Mestra de toda a calúnia”[32]. O culto devido a S. José não supera especificamente aquele de dulia dos outros santos, mas tudo leva a crer que ele mereça[33] receber este culto de dulia mais do que todos os outros santos[34]. Por isso, a Igreja, em suas orações, diz seu nome imediatamente após a Virgem e antes dos Apóstolos, como, por exemplo, na oração A cunctis[35]. Se S. José não é nomeado no Cânon da Missa[36], tem, todavia um Prefácio especial, e o mês de março lhe é consagrado. Recentemente, em um discurso proferido na sala Consistorial, no dia da festa de S. José, em 19 de março de 1928, Papa Pio XI comparava a vocação de S. José à de S. João Batista e à de S. Pedro: “É sugestivo ver surgir tão próximas e brilhar, quase simultaneamente, certas figuras tão magnífica: S. João Batista que se ergue do deserto, com sua voz tão poderosa e ao mesmo tempo suave, como o leão que ruge e como o amigo do Esposo que se alegra com a glória do Esposo, para oferecer, enfim, aos olhos do mundo a maravilhosa glória do mártir. São Pedro, que ouve do divino Mestre estas sublimes palavras, que também foram pronunciadas diante do mundo e dos séculos: ‘Tu és Pedro, e sobre esta pedra Eu edificarei a minha igreja’, ‘ide e pregai ao mundo todo’; missão grandiosa, divinamente resplandecente. Entre estas duas missões, surge a de S. José, que, ao contrário, passa recolhida, tácita, quase despercebida, desconhecida, na humildade, no silêncio; um silêncio que viria a se iluminar apenas alguns séculos depois e que viria a suceder, mas depois de séculos, um retumbante canto de glória. E, de fato, onde mais profundo é o mistério e mais densa a noite que o cobre, onde mais profundo o silêncio, justamente ali é mais alta a missão e mais rico o conjunto de virtudes que lhe são necessárias, e do mérito que devia, por feliz necessidade, lhe corresponder. Missão única, grandiosa, a missão de guardar o Filho de Deus, o Rei do mundo; a missão da custodiar a virgindade, a santidade de Maria; a missão única de entrar em participação do grande mistério escondido [aos olhos] dos séculos, e de cooperar também à Encarnação e à Redenção. Toda a santidade de José está, precisamente, na realização fiel até o escrúpulo dessa missão tão grande e tão humilde, tão alta e tão escondida, tão esplêndida e tão envolta em escuridão”[37]. Ainda Pio XI, por ocasião de um discurso de exaltação à Veneravel Andrea Fournet e às Ven. Lucia Filippini e Antida Thouret, em 21 de abril de 1926: “Eis um Santo que entra na vida, e a vida transcorre no cumprimento do mais alto mandato divino, no mandato incomparável de vigiar a pureza de Maria, de proteger a divindade de Jesus Cristo, de tutelar, consciente cooperador, o mistério, o segredo a todos ignoto, exceto à Santíssima Trindade, o da Redenção do gênero humano. É na magnitude deste mandato que está a singular e absolutamente incomparável santidade de S. José; porque realmente a nenhuma outra alma, a nenhum outro santo tal mandato foi confiado, e entre S. José e Deus não vemos, nem podemos ver nada mais do que Maria Santíssima com a Sua divina Maternidade. É evidente que este Santo na altura de tal mandato já possuía o título daquela glória que é Sua, a glória de Patrono da Igreja Universal. Toda a Igreja, na verdade, já estava lá, resumida junto dele, como uma semente em germe já fecunda, na humanidade e no Sangue de Jesus Cristo; toda a Igreja já estava lá na virginal maternidade de Maria Santíssima Mãe de Jesus e Mãe de todos os fieis, que aos pés da Cruz viria a herdar no Sangue do Seu primeiro Filho Jesus. Tão pequena à vista dos olhos, mas tão grande ao olhar do Espírito, a Igreja já estava lá junto de S. José, quando Ele era, na Sagrada Família, o Guardião e o Pai tutelar dEla”[38]. III. As virtudes sobrenaturais e os dons de S. José Estas são, sobretudo, as virtudes da vida oculta e em um grau a ele correspondente da graça santificante: uma profunda humildade; uma fé penetrante, que nunca se desanima; uma esperança inabalável; e, sobretudo, uma caridade imensa, que aumenta sem cessar em contato com Jesus; a bondade mais delicada para com os pobres, rica em sua pobreza dos maiores dons de Deus, dos sete dons do Espírito Santo, no mesmo grau de sua caridade[39]. A Ladainha diz: “José justíssimo, castíssimo, prudentíssimo, fortíssimo, obedientíssimo, fidelíssimo, espelho da paciência, amante da pobreza, exemplo dos trabalhadores, honra da vida doméstica...”. A sua fé viva foi, em alguns dias, dolorosa por causa da escuridão na qual pressentia algo grande demais para ele, especialmente quando ignorava ainda o segredo da concepção virginal, que a humildade de Maria mantinha escondida: “José não quis repudiar Maria para desposar outra mulher ou por alguma suspeita, mas porque temia, por reverência, de coabitar com tão grande santidade, motivo pelo qual lhe foi dito: ‘Não tema’ (...)”[40]. As palavras de Deus transmitidas pelo Anjo lançam luz e anunciam o nascimento milagroso do Salvador. José poderia ter hesitado em acreditar em algo tão extraordinário, mas ele acreditou firmemente na simplicidade do seu coração, e esta graça insigne, longe de ensoberbecê-lo, o confirma para sempre na humildade. Por que, se diz, logo a mim, José, ao invés de qualquer outro homem, o Todo-Poderoso confiou esse infinito tesouro a guardar? Ele vê claramente que não poderia merecer um dom semelhante. Compreende toda a gratuidade da predileção divina a seu respeito. É o beneplácito divino soberanamente livre que tem em si mesmo a sua razão. Esclarecem-se, ao mesmo tempo, as profecias, e a fé do carpinteiro se engrandece em proporções prodigiosas. A escuridão, no entanto, não demorou a reaparecer. José teve que caminhar através de luzes e sombras. Ele já era pobre antes de ser o objeto das divinas predileções, antes de receber o segredo de Deus. Torna-se ainda mais pobre, diz Bossuet, quando Jesus vem ao mundo. Não há lugar para a Salvador no último hotel de Belém, é necessário abrigar-se em um estábulo. Na delicadeza do seu coração José, teve que sofrer por não poder dar nada a Maria e a seu Filho. Quando Jesus entra em uma alma, dizem os santos, Ele entra com a sua Cruz, e a separa de tudo para uni-la a Ele. José e Maria o compreendem desde os primeiros dias, e a profecia do velho Simeão confirma o pressentimento deles. Já a perseguição começa. Herodes tenta matar o Messias. O Chefe da Sagrada Família, avisado por um anjo, é forçado a fugir para o Egito, com Maria e o Menino Jesus. Pobre artesão, sem outro recurso que o seu trabalho, parte para esse país distante, onde ninguém o conhece. Parte, forte na fé no Verbo de Deus transmitida pelo Anjo. É a sua missão: deve esconder Nosso Senhor, subtrai-lo de seus perseguidores, e voltará a Nazaré apenas quando o perigo tiver cessado. José é o ministro e o protetor da vida oculta de Jesus, como os Apóstolos são os ministros de sua vida pública. Nesta vida oculta, bem no meio das provações, a noite escura da fé se ilumina à luz mais radiante e sempre mais doce que emana da santa alma do Verbo Encarnado. De volta a Nazaré, durante os anos em que a Sagrada Família permaneceu lá, o recolhimento e o silêncio reinaram na pequena casa do carpinteiro, verdadeiro santuário, mais sagrado do que o Santo dos Santos do templo de Jerusalém. É um silêncio cheio de doçura, a contemplação totalmente amante do mistério infinito de Deus que veio no meio de nós, mas ainda ignorado por todos. Às vezes, algumas palavras lançam luz sobre o estado profundo das almas. Mas, nesta atmosfera de inocência e de amor, as almas eram transparentes umas para com as outras e se compreendiam com o olhar, sem precisar de palavras. Após a contemplação da Beatíssima Virgem, não teríamos, talvez, aqui na terra, nada semelhante à contemplação simples e amante do humilde carpinteiro, quando olhava para Jesus. Por graça, havia recebido os sentimentos do mais devoto e delicado pai e protetor, e era amado por Jesus, menino e adolescente, com uma ternura, uma gratidão e uma intensidade que se poderia encontrar apenas no coração de Deus. Um olhar de S. José sobre Jesus lembrava ao humilde artesão o mistério de Belém, o exílio no Egito, o grande mistério da salvação do mundo. A ação incessante do Verbo Encarnado sobre José era a ação criadora, que conserva a vida depois de tê-la dado: “o amor de Deus, que infunde e conserva a bondade nas coisas”, como diz S. Tomás[41], a ação sobrenatural, fecunda de graças sempre novas. É impossível encontrar maior magnitude em uma simplicidade tão perfeita. Tal como no profeta José do Velho Testamento, vendido por seus irmãos e figura de Cristo, havia nele [José] a mais alta contemplação na forma mais simples, a contemplação divina, toda penetrada pelo puro amor da caridade. Levava no coração o maior segredo, o da Encarnação redentora. O momento de revelá-lo ainda não havia chegado. Os Judeus não teriam compreendido, não teriam acreditado, e a maior parte deles esperava um Messias temporal, carregado de glória, e não um Messias pobre e sofredor como nós. A presença de S. José cobre este mistério: Jesus era chamado o filho do carpinteiro. O pobre artesão tinha em sua casa o Verbo de Deus encarnado, possuía o Desejado das nações, anunciado pelos profetas, mas não dizia nada. Era testemunha deste mistério, regozijava-se em segredo e silenciava. Esta contemplação muito amorosa era muito doce para S. José, mas exigia dele também a maior abnegação; abnegação que chegava até o mais doloroso sacrifício, quando lhe voltavam à mente as palavras de S. Simeão: “Esse menino será um sinal de contradição”, e aquelas ditas a Maria, “e uma espada vos traspassará a alma”. A aceitação do mistério da Redenção através do sofrimento parecia a S. José como a consumação dolorosa do mistério da Encarnação, e exigia toda a generosidade do seu amor para oferecer a Deus, em sacrifício supremo, o Menino Jesus e a Sua santa Mãe, que ele amava incomparavelmente mais do que sua própria vida. Ele não ofereceu o Sacrifício eucarístico, mas muitas vezes ofereceu o Menino Jesus ao Pai Eterno por nós. Como disse o Abade Sauvé: “Não vendo que a vontade de Deus, S. José recebeu dela, com a mesma simplicidade, seja as alegrias mais profundas, seja as provas mais cruéis”. Podemos male mal imaginar os que foram na alma de S. José os progressos da fé, da contemplação e do amor. Da mesma forma que o humilde carpinteiro viveu uma vida escondida na terra, assim ele foi glorificado no Céu. Aquele a quem o Verbo de Deus obedeceu aqui na terra conserva no céu sobre o Sagrado Coração de Jesus um incomparável poder de intercessão. Como velava sobre a casa de Nazaré, vela hoje sobre os lares cristãos, sobre as comunidades religiosas, sobre as virgens consagradas a Deus; é o seu guia, diz S. Teresa, nos caminhos da oração. É, portanto, como se diz na Ladainha, a consolação dos míseros, a esperança dos doentes, o patrono dos moribundos, o terror dos demônios, o Protetor da Santa Igreja, grande família de Nosso Senhor. Peçamos-lhe de nos fazer conhecer o valor da vida oculta, o esplendor dos mistérios de Cristo e a infinita bondade de Deus, tal qual Ele a viu na Encarnação Redentora. Roma. Angélico. 1929. VIDA DE SÃO JOSÉ