Esta é a 3ª edição do post, cuja 1ª edição é de 27 de Fevereiro de 2010, a que se seguiu uma 2ª edição a 7 de Novembro de 2010. Novamente foi ampliado com considerações de natureza linguística e de literatura oral, bem como pela adição de seis novas ilustrações e de mais três fontes bibliográficas. APONTAMENTOS ETNOGRÁFICOS OS talêgos eram sacos multicolores, de tamanho variável, confeccionados pelas mulheres com as sobras dos panos usados na confecção de saias, blusas e aventais ou mesmo de roupa velha que se tinha deixado de usar. Tinham um cordão ou nastro que corria dentro de uma bainha e que os permitia fechar. Podiam ser forrados ou ser singelos. Alguns eram rebuscados na sua concepção e manufactura, a qual podia incluir pompons e borlas. Outros haviam que eram simples, sendo alguns, até, manufacturados com um único tecido. Os talêgos eram o providencial modo de transportar aquilo que de que precisávamos. Ia-se às compras de talêgo, o qual era lavado sempre que necessário. Havia um talêgo para ir aviar a mercearia e outro para ir ao pão, bem como outro para ir ao grão, ao feijão ou ao milho. Usávamos também um talêgo para guardar os magros tostões que tínhamos e ainda outro para guardar a existência usada no jogo do botão. Os camponeses guardavam as sementes em talêgos e os moleiros recebiam talêgos de trigo, centeio ou milho, que devolviam com farinha, após terem subtraído a maquia devida à moagem. Era também nos talêgos que se levava comida para o local de trabalho. Em nossas casas, nas arcas, cómodas e guarda-fatos havia pequenos talêgos com alfazema, que pelo seu cheiro afugentava traças, moscas, mosquitos e demais insectos. Nesses mesmos locais, existiam por vezes talêgos maiores, nos quais se acondicionava a roupa mais delicada ou mais antiga e que inspirava mais cuidados de preservação. A pobreza, a falta de oportunidades de vida, a adversidade do clima, as catástrofes, a política repressiva, fizeram com que ao longo dos tempos, o povo português tivesse de emigrar, visando a melhoria das suas condições de vida. Para transportar os seus bens, a maioria das vezes, uma parca bagagem, lá estavam o talêgo e mais tarde, a mala de cartão. O talêgo era a embalagem reciclável inventada pelo sabedoria popular, que sempre soube encontrar formas criativas de lutar contra a adversidade e a falta de meios. Depois de puído e roto pelo uso e pelas lavagens sucessivas, era remendado por mãos hábeis de mulheres, que assim lhe prolongavam a longevidade. E mesmo depois de serem abatidos ao serviço como “talêgos”, continuavam ter préstimo. Serviam de rodilha ou de esfregão, até tal ser possível. Só depois se deitavam fora, para serem degradados pela terra-mãe e renascerem sob outra forma. Actualmente, a luta contra o desperdício e o consumismo, pela melhoria da nossa qualidade de vida e pela salvação do planeta, passa pela implementação da política dos 3 RRR: - Reduzir o lixo que se produz; - Reutilizar as embalagens mais que uma vez; - Reciclar os componentes do lixo, separando-os na origem. Por isso impõe-se o regresso da utilização do talêgo na nossa vida quotidiana, sempre que formos às compras. O planeta e a melhoria da nossa qualidade de vida assim o exigem. Não queremos abandonar o tema que temos estado a abordar, sem tecer algumas considerações de natureza linguística, bem como sublinhar igualmente algumas notas de literatura oral: CONSIDERAÇÕES DE NATUREZA LINGUÍSTICA Em primeiro lugar convém esclarecer que “talêgo” é a forma regionalista do substantivo “taleigo”, devida a um fenómeno fonético que consistiu na monotongação do ditongo “ei”, que se transformou assim em “ê”, o que teve repercussões no grafismo da palavra. [10] Nos dicionários consultados, que abrangem o período de 1721[4] a 2001[2], existem verbetes sobre as palavras “ataleigar”, “taleiga”, “taleigada”, “taleigão”, “taleigo” e “taleiguinho”. Vejamos o que sobre estas palavras dizem os diferentes dicionários: ATALEIGAR - Puxar as calças para cima da cintura. [9] (1922) ATALEIGAR – Encher muito. [25] (1993) TALEIGA – Substantivo feminino. De acordo com os dicionaristas consultados, designa: - Saco pequeno. Uma taleiga de trigo são quatro alqueires. [4] (1721) - Saco pequeno. Uma taleiga de trigo são quatro alqueires. [3] (1789) - Saco, de maiores ou menores dimensões, e destinado especialmente à condução de cereais para os moinhos e da farinha que nestes se fabrica. Antiga medida para líquidos e cereais. (Do lat. Talica) [8] (1913). - Saco pequeno e largo, destinado à condução de cereais para os moinhos e da farinha que nestes se fabrica. Antiga medida de azeite, equivalente a dois cântaros. Antiga medida de trigo, equivalente a quatro alqueires. (Do latim “talica”) [12] (s/d) - Saco, bolsa, surrão. “Taleiga” é sinónimo de “teiga”. (Do árabe “ta’lîqâ”, saco). [15] (1977) - Saco, pequeno e largo, destinado à condução de cereais para os moinhos e da farinha que nestes se fabrica. Antiga medida de azeite, equivalente a dois cântaros. Antiga medida de trigo, equivalente a quatro alqueires. [24] (1988) - Saco pequeno e largo. Antiga medida para líquidos e cereais (Do árabe “ta'liqa”, saco) [19] (1996) - Saco pequeno e largo usado normalmente no transporte de cereais e de farinha. Medida antiga de azeite, equivalente a dois cântaros. Medida antiga de trigo, equivalente a quatro alqueires. (Do árabe “ta'liqa”, saco.) [2] (2001) - Saco pequeno e largo. Antiga medida para líquidos e cereais. (Do árabe “ta'lïqa”, saco). [20] (s/d) TALEIGADA - Substantivo feminino. De acordo com os dicionaristas consultados: - Uma taleigada de azeite, são dois cântaros de azeite, medida de Lisboa. [4] (1721) - A porção que se leva numa taleiga. Uma taleigada de azeite, são dois cântaros de azeite, medida de Lisboa. [3] (1789) - O que uma taleiga pode conter. Taleiga cheia (De taleiga). [8] (1913). - O que uma taleiga pode conter. Taleiga cheia: uma taleiga de trigo. [12] (s/d) - O que uma taleiga pode conter. Taleiga cheia. [24] (1988) - Porção que enche uma taleiga ou um taleigo (De taleiga ou taleigo). [19] (1996) - Conteúdo de uma taleiga. Porção que enche uma taleiga (De taleiga + suf. -ada). [2] (2001) - Porção que enche uma taleiga ou um taleigo (De taleiga ou taleigo+-ada). [20] (s/d) TALEIGÃO – Adjectivo e substantivo masculino. O mesmo que latagão (indivíduo robusto, forte, desempenado , e geralmente novo). [12] (s/d) TALEIGO - Substantivo masculino. De acordo com os dicionaristas consultados: - É um saco pequeno, como aquele em que o soldado leva às costas, pão de munição ou outra virtualha. Um taleigo leva dois alqueires de trigo (Deriva do castelhano “Talega” e este segundo Covarrubuias deriva do Grego). [4] (1721) - Saco estreito e longo que leva dois alqueires. [3] (1789) - Taleiga pequena. [8] (1913). - Taleiga pequena. Saco. Cesto onde se transporta comida. O mesmo que barça. Saco onde se metia o falcão, na caça de altanaria. Antiga medida para secos, equivalente a dois alqueires. Víveres de reserva, para três dias, guardados num saco prlos homens de armas das hostes em campanha na Idade Média. O saco que continha esses víveres. [12] (s/d) - Substantivo masculino e adjectivo, diminutivo de taleigão. [12] (s/d) - Taleiga pequena. Saco. Cesto onde se transporta comida: O mesmo que barca. Saco onde se metia o falcão, na caça de altanaria. Antiga medida para secos, equivalente a dois alqueires. Víveres de reserva, para três dias, guardados num saco pelos homens de armas das hostes em campanha, na Idade Média. O saco que continha esses víveres. [24] (1988) - Saco estreito e comprido. Taleiga pequena. (De taleiga) [19] (1996) - Saco pequeno, estreito e comprido: Taleiga de dimensões reduzidas. Cesto usado para transportar comida. Medida antiga, equivalente a dois alqueires, usada para secos. Saco que era usado na caça de altanaria para levar o falcão. Saco que continha a comida para três dias, usado pelos homens de armas na Idade Média. Víveres contidos nesse saco. [2] (2001) - Saco estreito e comprido. Taleiga pequena (De taleiga). [20] (s/d) TALEIGUINHO – Substantivo masculino. Taleigo pequeno. (De taleigo e sufixo diminutivo -inho). [12] (s/d) NOTAS DE LITERATURA ORAL De acordo com o cancioneiro popular: “Tenho um saco de cantigas, E mais uma taleigada: O saco é p’ra esta noite, Taleiga p’ra madrugada.” [18] A palavra “Taleigo” não figura, pelo menos actualmente na Onomástica Portuguesa como nome próprio. Assim o revela a consulta à lista dos vocábulos admitidos como nomes próprios, disponibilizada pelo Instituto dos Registos e do Notariado [13]. Todavia, a palavra é conhecida como sobrenome de nome próprio. A referência mais antiga que conhecemos figura num documento simples da Chancelaria Régia de D. Afonso V (liv. 14, fl. 85v), datado de 13 de Junho de 1466, o qual certifica que o monarca perdoou os 9 meses de degredo no couto de Marvão a Mem Rodrigues Taleigo, lavrador, morador em Évora Monte, o qual pagou 600 reais brancos para a Piedade. [6] No Alentejo são conhecidas alcunhas em que figura a palavra “taleigo” ou palavras dela derivadas [22]: - TALEGA - o visado faz comentários do estilo: "Grande talega!" (Marvão). - TALEGUEIRO – o atingido anda sempre com um taleigo (Sines). - TALEIGADAS (Avis). - TALEIGO - Alcunha concedida a um sujeito baixo e gordo (Cuba e Portel). - TALEIGUINHO - o receptor pendurou um taleigo num sobreiro (Santiago do Cacém) ou então é um indivíduo de baixa estatura (Aljustrel e Portei). - TALEIGUINHO DA BUCHA - o receptor é baixo e gordo (Moura). - TALEIGUINHO DAS ISCAS – o receptor quando ia à caça, levava sempre um taleiguinho com iscas (Aljustrel). O adagiário português relativo ao taleigo é escasso: - “Fazenda em duas aldeias, pão em duas talegas” [4] - “O fidalgo, o galgo e o talego de sal, junto do fogo os hão de achar” [4] - “O taleigo de sal quer cabedal” [5] São conhecidas as seguintes imagens metafóricas usadas na gíria portuguesa: Dar ao taleigo = Falar = Dar à língua = Parolar = Conversar [24], [25] Dar aos taleigos = Parolar = Dar à língua [8] Dar ao(s) taleigo (s) = Conversar demoradamente [23] Dar ao(s) taleigo (s) = Dar á língua [19] Dar ao(s) taleigo(s) = Conversar = Dar à língua [2] No calão: Talega = Grande Porção = Grande Peso = Saco de pano [25] Taleiga = Carga excessiva = Grande quantidade [17] Taleiga = Coisa Grande [14] Taleiga = Naco = Pedaço de haxixe [21] Taleiga = Saco Grande [25] Taleigão = Latagão [25] Taleigo = Prisão” [14], [25] Taleigo = Saco pequeno [1], [25] Na toponímia: TALEGA = Freguesia do bispado de Elvas [16] TALEIGÃO = Freguesia do concelho e distrito de Goa, Índia Portuguesa. QUINTA DA TALEIGA = Lugar do concelho de Portalegre. Os pregões usados pelos pregoeiros eram outra forma de literatura oral. Através deles se proclamava qualquer coisa, como por exemplo, aquilo que se tinha para vender. Era o caso do vendedor de picão que nos anos cinquenta do século passado percorria, todo enfarruscado, as ruas de Elvas, quando o frio de rachar aconselhava o uso da braseira. O pregão: “Ah! Bom pi-cão”! " anunciava a preciosa e sazonal mercadoria contida em taleigos transportados no dorso de pacientes asnos. NOTA FINAL Depois desta "taleigada" de considerações suscitadas pelo substantivo "talêgo" em termos linguísticos e de literatura oral, achamos por bem atar os cordões e dar o presente texto por terminado. Pelo menos por agora. BIBLIOGRAFIA [1] - BESSA, Alberto. A Gíria Portugueza. Gomes de Carvalho- Editor. Lisboa, 1901. [2] – ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA. Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea. II Volume. Editorial Verbo. Lisboa, 2001. 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Porto, 1966. Hernâni Matos VIAJANTES A SEREM RECEBIDOS NUMA ESTALAGEM. O que está apeado transporta um taleigo suspenso de um pau. Iluminura do “Tacuinum Sanitatis” (Finais do séc. XIV), livro medieval sobre o bem-estar, com base na al Taqwin Taqwin تقوين الصحة ("Quadros de Saúde"), tratado do século XI da autoria do médico árabe Ibn Butlan de Bagdá, o qual pertence à Biblioteca Casanatense, em Roma. ABRIL - FÓLIO 9v, Iluminura do “Livro de Horas de D. Manuel “, Séc. XV. No pé de página, à beira-rio, duas levadas movem duas azenhas. À esquerda da do lado esquerdo uma mulher aproxima-se, transportando à cabeça um talêgo com grão para ser moído, o mesmo se passando do lado direito, onde um homem carrega um talêgo de grão às costas. Simultâneamente um homem montado num burro com talêgos de farinha, parece fazer-se ao caminho. MARÇO - Iluminura do “Livro de Horas do Duque de Berry” (Século XV) manuscrito com iluminuras dos irmãos Paul, Jean et Herman de Limbourg, conservado no Museu Condé, em Chantilly, na França. Na iluminura estão representados trabalhos agrícolas. No segundo plano, à direita, um camponês dobrado sobre um taleigo, retira daí sementes, que de seguida irá semear. Ainda no segundo plano à esquerda, um camponês que poda a vinha, tem junto a si, no chão, uma enxada, um chapéu e um taleigo. OUTUBRO - Iluminura do “Livro de Horas do Duque de Berry” (Século XV) manuscrito com iluminuras dos irmãos Paul, Jean et Herman de Limbourg, conservado no Museu Condé, em Chantilly, na França. Na iluminura estão representados trabalhos agrícolas. Em primeiro plano, um camponês semeia a terra. Próximo de si, um taleigo com sementes. PADARIA. COLÓNIA SUÍÇA DE CANTAGALO – BRASIL (1835). Jean Baptiste Debret (1768-1848). Pormenor de Litografia. Firmin Didot Frères, Paris. O EMIGRANTE (1918). José Malhoa (1855-1933). Óleo sobre tela ( 80 x 104 cm). Colecção particular. Ilustração de Alfredo Roque Gameiro (1864 - 1935) para “As Pupilas do Senhor Reitor”, de Júlio Diniz (1839-1871). OS EMIGRANTES (1926). Domingos Rebelo (1891 - 1975). Óleo sobre tela. Museu Carlos Machado, Ponta Delgada. TIPOS SALOIOS (MERCÊS-RINCHOA). Leal da Câmara (1876-1948). Ilustração de bilhete-postal editado pela Casa-Museu Leal da Câmara, Rinchoa. SALOIOS EM LISBOA - Stuart Carvalhais (1887-1961). Tinta da China aguarelada sobre papel (25 x 30 cm). Colecção particular. MOLEIRO COM DOIS BURROS CARREGADOS DE TALEIGOS – Capa da revista “Ilustração Portuguesa” nº 730 de 16 de Fevereiro de 1930. SERRA DO CAMULO - MULHER COM CAPUCHA (1937). Aguarela de Alberto de Souza (1880-1961), reproduzida em bilhete-postal ilustrado nº 17 da "Série B" - Costumes Portugueses, tendo impresso no verso um selo do tipo "TUDO PELA NAÇÃO" de $25 (azul) ou de 1$00 (vermelho) e emitido pelos CTT, em 1941. DENTRO DO MOINHO – aguarela de Raquel Roque Gameiro Ottolini (1889-1970). CONFRATERNIZAÇÃO INFANTIL – Laura Costa. Desenho policromo reproduzido em bilhete-postal de Boas Festas dos CTT, emitido em 1944 com selo de $30 do tipo Caravela e impresso em off-set na litografia Maia, no Porto.
PEDER MORK MONSTED - Sorup, Dinamarca - Óleo sobre tela - 1936 Assumo que sou um admirador incondicional desse artista e tento divulgar ao máximo os seus trabalhos, proporcionalmente à minha admiração que cresce. Foi um dos paisagistas mais célebres de seu tempo, oxalá não seja um dos mais respeitados artistas dessa temática. Por vez ou outra, cá estou a mostrar algo novo que encontro sobre ele e faço isso com muita satisfação. Para essa nova abordagem, escolhi algumas obras e vou tentar comentar alguns dados que foram coletados sobre elas. NA SOMBRA DE UMA PÉRGOLA ITALIANA Óleo sobre tela – 122,5 x 97 – 1884 Peder Mork Monsted tinha uma atração enorme pelas paisagens italianas. Passou por lá diversas temporadas e, assim como muitos artistas itinerantes de sua época, sempre se deliciava com cenas e paisagens da Ilha de Capri. Localizada no Golfo de Nápoles, na Região de Campania, essa ilha é uma espécie de paraíso até hoje. Mar exuberante e regiões interiores com um cenário singular. Ainda é possível encontrar muitas pequenas povoações com costumes bem tradicionais. Pérgolas são uma espécie de galeria, feitas de duas séries de colunas paralelas e que servem para suporte de trepadeiras. As pérgolas sempre foram muito utilizadas nas parreiras da ilha de Capri. PEDER MORK MONSTED - Na sombra de uma pérgola italiana Óleo sobre tela - 122,5 x 97 - 1884 Detalhe Essa tela esteve na Exposição de Charlottenborg, em 1884, e é muito fácil de entender o fascínio que ela tem até hoje. Todos os artistas do norte europeu sempre tiveram dias de sol muito limitados durante quase todo o ano. Invernos rigorosos, como os que passava Monsted em sua terra natal, na Dinamarca, eram compensados nessas viagens, onde cores quentes eram acrescentadas à paleta e muitos efeitos eram experimentados. AO MEIO DIA, NUMA PLANTAÇÃO DE CACTUS EM CAPRI Óleo sobre tela – 163,1 x 121,9 – 1885 Mais um trabalho realizado à partir das anotações que Monsted fez na Ilha de Capri. Leiloado em novembro de 2012 pela Sotheby’s e proveniente de várias coleções particulares anteriores, é mais uma bela composição com motivos daquela ilha italiana. PEDER MORK MONSTED - Ao meio, numa plantação de cactus em Capri Óleo sobre tela - 163,1 x 121,9 - 1885 Detalhe O terreno da Ilha de Capri é quase todo muito pedregoso, impróprio para gramíneas de pastagens e que sempre foi um entrave para que se desenvolvesse uma pecuária mais consistente na ilha. Como em várias regiões de clima árido, de todo o entorno do Mediterrâneo, a plantação de cactos (principalmente uma variedade de palmas) se tornou uma alternativa para alimentar animais domésticos, principalmente suínos e caprinos. Sob o sol escaldante da ilha, Monsted registrou essa cena, também um trabalho de grandes dimensões. PAISAGEM DE VERÃO COM RIO EM FREDERIKSBERG Óleo sobre tela – 81 x 121 – 1911 Frederiksberg é o menor município da Dinamarca em área, mas a posição privilegiada próxima a Copenhague fez dele o quinto mais populoso do país. Não foi assim em outros tempos. No passado, era apenas uma zona rural de fácil acesso, por isso mesmo destino certo para os passeios de finais de semana e para onde se encaminhavam grupos de artistas. Monsted fez várias tomadas de lá. PEDER MORK MONSTED - Paisagem de verão com rio Óleo sobre tela - 81 x 121 - 1911 Detalhe Essa tela foi produzida num período muito produtivo do artista. Havia alcançado uma excelência técnica na composição de paisagens e sua fama de pintor quase hiper-realista já corria mundo. O que, à distância, parece se tratar de uma tela minuciosamente detalhada, logo se desfaz quando nos aproximamos bem dela. É possível ver grossas pinceladas, soltas, bem arrojadas aliás, exibindo a versatilidade de um artista que tinha uma atração especial pelas experiências impressionistas que fazia. Viveu na França no período do Impressionismo, de onde suas influências tiveram um forte fundamento. TARIFA, PRÓXIMO A GIBRALTAR Óleo sobre cartão – 12 x 32,8 – 1892 Esse pequeno estudo, feito em local, mostra o quanto Monsted se identificava com o movimento Impressionista. Despojado, valoriza especialmente a água e o céu. Os barcos são componentes intermediários, apenas para criar a sensação de proporção e profundidade à cena. Todo executado em pinceladas bem vigorosas, mostrando o quanto o artista dava importância aos estudos realizados em plein air. PEDER MORK MONSTED - Tarifa, navegando próximo a Gibraltar Óleo sobre cartão - 12 x 32,8 - 1892 Detalhe Já descrito em um artigo sobre Monsted, intitulado Magia da Natureza, lançado em Dusseldorf em 2013, esse é um dos vários esboços que o artista fez em sua passagem pela província espanhola de Cádiz. Ele fez vários apontamentos entre o Estreito de Gibraltar e a cidade de Tarifa. Atente para as formações em cúmulos formadas pelas nuvens e como elas tem um alto grau de importância na composição. TRAJETO DE FLORESTA PARA FREDERIKSBERG Óleo sobre tela – 120 x 200 – 1908 Mais um excelente trabalho realizado por Monsted, retratando os arredores de Frederiksberg. Esse, uma cena típica de inverno rigoroso, mas com o dia numa luminosidade fantástica. Proveniente de uma coleção particular em Luxemburgo, a tela impressiona primeiramente pelo tamanho, um dos grandes trabalhos realizados por ele. Essa temática consolidou ainda mais a sua fama, e trabalhos como esse eram esperados ansiosamente em exposições por toda a Dinamarca, Berlim, Munique, além de serem aceitos com frequências nos Salões de Paris. PEDER MORK MONSTED - Trajeto de floresta para Frederiksberg Óleo sobre tela - 120 x 200 - 1908 Detalhe Monsted havia se tornado um exímio pintor de neve. Conseguia extrair sua aparência macia com poucas pincelas e acrescentou cores até então não exploradas por artistas que executavam essa temática. Mas, o destaque especial dessa obra está mesmo no trabalho diferenciado que concedeu aos ramos das muitas árvores que se espalham por todo o quadro. Seus tons fortes e quentes intensificam ainda mais o céu de um dia límpido de inverno. Crianças brincando em um trenó indicam que o pior da estação já passou. Agora é tempo de divertir!
Last Supper on Pop-art - oil on canvas 60x120cm
Portrait de Turne, jeune http://www.j-m-w-turner.co.uk/ Joseph, Mallord, William Turner (1775-1851) est né à Londres et mort à Chelsea.
JOHN SINGER SARGENT - Autorretrato Óleo sobre tela - 30,5 x 25,4 - 1886 Aberdeen Art Gallery and Museum, Escócia Certos artistas não deveriam ter mesmo uma pátria mãe, tal suas condições de cidadãos do mundo. Ironicamente, parece ter sido assim a trajetória de John Singer Sargent, o mais célebre retratista de sua geração e um dos maiores nomes da pintura do final do século XIX e início do século XX. Filho de pais americanos, nasceu em Florença, na Itália, em 1856, mas definitivamente nunca teria um endereço específico. Essa vida nômade, já desde os primeiros anos, trouxe para ele e suas duas irmãs uma infância nada convencional. Emocionalmente independentes, pois não criavam raízes por onde passavam, também acabaram tendo um ensino informal. Sargent, por exemplo, recebeu ensino básico de várias nacionalidades, por isso falava fluentemente italiano, francês e um pouco de alemão. Além de pianista e músico devotado, tinha um conhecimento abrangente da cultura europeia em geral. Simples, educado e muito simpático, ele tinha um convívio fácil. Contudo, era sempre muito reservado. Ficaria assim por toda sua vida. JOHN SINGER SARGENT - Duas taças de vinho Óleo sobre tela - 45,7 x 36,8 - 1874 JOHN SINGER SARGENT - Bordadeiras venezianas Óleo sobre tela - 55,8 x 78,7 - 1882 Galeria Nacional da Irlanda, Dublin O gosto pelas artes foi despertado bem cedo pela própria mãe, que era uma aquarelista de horas vagas. Era ela quem incentivava o filho nos exercícios por onde passavam, seja reproduzindo obras de alguns grandes mestres ou registrando tudo aquilo de interessante que viam. Pelo gosto do pai, ele seguiria a carreira naval, mas, logo ficou claro que a inclinação artística falaria mais alto. Em Paris, num novo endereço, coisa que para ele já era rotina, matricula-se no ateliê de ninguém menos que Carolus-Duran, renomado professor e retratista da época, que incentivava muito o estudo com modelo vivo. Esse ensino tradicional deu muita disciplina ao seu aprendizado, fazendo dele um artista consciencioso e seguro daquilo que queria. Mas, Paris se agitava com novas ideias naqueles tempos e Sargent não resistiu a elas. Nessas novas ideias, o Impressionismo lhe acenava como uma bandeira impossível de não seguir. Tornou-se assim, um grande artista simpatizante a esse movimento. Quer pintasse com óleo ou aquarela, tinha pinceladas sempre fluidas e com muita precisão, típicas dos melhores impressionistas da época. Porém, Sargent nunca levaria o Impressionismo até as suas últimas consequências. Conseguiria impor, a partir dali, uma maneira única de pintar, que aliava os ensinamentos tradicionais com a liberdade impressionista. JOHN SINGER SARGENT - Pequena refeição na varanda Óleo sobre tela - 51,5 x 71 - Freer Gallery of Art, Washington JOHN SINGER SARGENT - Catadoras de ostras em Cancale Óleo sobre tela - 1878 JOHN SINGER SARGENT - Veneziana carregando água Óleo sobre tela - 64,4 x 70,9 - 1882 Museu de Arte de Worcester, Massachusetts Em 1876, Sargent visita os Estados Unidos pela primeira vez, juntamente com a mãe e uma das irmãs. A cidadania americana, que lhe era de direito, parece ter exercido um grande fascínio pelo artista, pois se apega facilmente a vida e aos costumes americanos. No verão desse mesmo ano já estaria novamente de volta a Europa, onde reuniria com colegas na Bretanha, para exercícios ao ar livre. Fez vários apontamentos por lá, que originariam na mais importante obra do seu início de carreira: Catadoras de ostras em Cancale. Essa obra lhe renderia uma menção honrosa no Salão de Paris de 1878 e também já denunciava sua veia impressionista, com pinceladas bem espontâneas e com colorido típico daquele movimento. JOHN SINGER SARGENT - Retrato de Carolous-Duran Óleo sobre tela - 116,8 x 95,8 - 1879 JOHN SINGER SARGENT - Sra. Henry White Óleo sobre tela - 221 x 139,7 - 1883 Corcoran Gallery of Art, Washington Não era apenas um aprendiz do ateliê de Duran, naquela altura já o ajudava na execução de trabalhos importantes. Um retrato de seu mestre, realizado naquele ano, traria uma nova menção honrosa no Salão de Paris de 1879. Isso seria o pontapé inicial para uma nova carreira promissora, a de retratista. O retrato da Sra. Henry White, esposa do primeiro-secretário da Embaixada dos Estados Unidos só faria confirmar essa sua nova fama. Um trabalho altamente cativante, que com certeza deve ter rendido muitas outras encomendas. Foi por volta de 1880, que estreitou amizade com Monet, comprando dele quatro quadros e realizando três retratos com ele. JOHN SINGER SARGENT - Claude Monet pintando em uma floresta Óleo sobre tela - 54 x 64,8 - 1885 - Tate Gallery, Londres JOHN SINGER SARGENT - Madame X, ou Madame Pierre Gautreau Óleo sobre tela - 208,6 x 109,9 - 1884 Museu Metropolitano de Nova York Em 1884, já instalado num elegante estúdio no Boulevard Berthier, Sargent deseja inovar em seu trabalho. Fascinado pela beleza de Madame Gautreau, uma americana que se casara com um banqueiro parisiense, consegue convence-la para posar como modelo de um quadro que pretendia experimentar. Colocou-a em uma pose ousada, que muitos julgaram arrogante. Mas, foi o decote do vestido que a modelo usava, criticado como provocante demais para os padrões de retratos da época, que trouxe sérias consequências para suas experiências. A mãe da modelo chegou a exigir que o quadro da filha fosse retirado da exposição, fato não permitido pelo artista. No entanto, aquilo arranhou um pouco o início de sua carreira como retratista em Paris, o que fez com que Sargent se radicasse em Londres em 1885, após uma série de viagens que já realizara por lá meses antes. JOHN SINGER SARGENT - Adega veneziana Óleo sobre tela - 53,3 x 69,8 - 1898 - Coleção particular JOHN SINGER SARGENT - A saída dos barcos Óleo sobre tela - 1889 - Museum of Art, Rhode Island JOHN SINGER SARGENT - Lady Agnew de Lochnaw Óleo sobre tela - 124,5 x 99,7 - 1892 - Galeria Nacional de Edimburgo Londres era agora seu mais novo endereço. Já estava acostumado com essa vida itinerante e isso com certeza iria trazer novos ânimos ao trabalho. Em 1886, viaja para os Estados Unidos onde, a convite do colecionador Henry Marquand, realizaria um retrato de sua esposa. Não só foi recebido de braços abertos como obteve um enorme êxito numa exposição individual em Boston. Os convites para retratos lhe chegavam aos montes e já havia até uma sondagem sobre o projeto dos murais da Biblioteca Pública de Boston. A última década do século XIX traria muita fama e prestígio para Sargent, tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra. O retrato de Lady Agnew, executado nesse período, foi saudado como uma obra-prima do artista, consolidando ainda mais sua reputação. JOHN SINGER SARGENT - Campos do país Óleo sobre tela - 1885 - Instituto de Artes de Detroit JOHN SINGER SARGENT - Grupo com sombrinhas Óleo sobre tela - 1905 - Coleção particular JOHN SINGER SARGENT - Um córrego na montanha Aquarela sobre papel - 34,2 x 71,7 - 1907 Museu Metropolitano de Nova York Requisitado pela mais alta aristocracia, que fazia filas para obter um retrato com o artista, Sargent chegou a ser chamado por Rodin de o Van Dyck dos tempos modernos. Era, nesse período, um artista de situação financeira estável, mas já estava se cansando dos intermináveis retratos que tanto lhe fizeram conhecer o apogeu. Por volta de 1907 se dava ao luxo de recusar quase todas as encomendas. Queria passear mais, explorar novos motivos e novos temas. Assim fez, passando praticamente 3 ou 4 meses em viagens a cada ano, seja nos Alpes, descendo até a Itália, ou mesmo na Espanha. Também viajou ao norte da África e se sentia encantado com o exotismo das culturas diferentes que encontrara por lá. Desde a morte de sua mãe, em 1905, seu gênio se tornou ainda mais introspectivo. Nunca iria se casar, apesar dos rumores de romances com várias modelos e outras amizades. JOHN SINGER SARGENT - Cashmere Óleo sobre tela - 71,1 x 109,2 - 1908 - Coleção particular JOHN SINGER SARGENT - Reconhecendo Óleo sobre tela - 55,8 x 71,1 - 1911 Palácio Pitti, Florença JOHN SINGER SARGENT - Envenenados Óleo sobre painel - 230 x 610 - Museu Imperial da Guerra, Londres A Primeira Guerra Mundial lhe traria a incumbência de se tornar artista oficial na França, onde fez apontamentos e documentou tudo que via por onde passava. Fez isso com imparcialidade, como um repórter que registra horrores nas batalhas. Descreveu como ninguém, os grupos de feridos e mortos amontoados na lama. Um grupo de soldados feridos por gás mostarda, cuja tela deu o nome de "Envenenados", é uma de suas obras mais significativas desse momento de sua produção. Desde 1890 até 1921, ficou envolvido nos murais para a Biblioteca Pública de Boston, serviço que lhe levou a exaustão, intercalando viagens para fugir da rotina. Ao término da obra, afirmou que “já poderia morrer quando quisesse”. Talvez pelo cansaço com a longa duração da execução dos painéis, o resultado não agradou ao público tanto quanto ele esperava, mas ele sentia com a sensação de dever cumprido. Em 1925, um dia após um jantar feliz e descontraído organizado pela irmã, Sargent foi encontrado morto em sua cama, vítima de um ataque cardíaco. Tinha 69 anos. Deixou um legado inestimável nas mais de 900 obras que produziu em óleo e mais de 2000 trabalhos em aquarela, além de inúmeros desenhos e esboços. Ainda é uma das mais respeitadas referências no quesito figura humana e um dos grandes artistas que o mundo já teve.
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